DA REPORTAGEM LOCAL

A criação de um sistema de organização para os ônibus, com o cumprimento de horários que restabelecessem a confiança nesse meio, levaria uma parte da classe média a trocar o carro pelo transporte coletivo. A aposta é de Eduardo Vasconcellos, engenheiro de transportes e sociólogo, autor do livro "Circular é Preciso, Viver Não é Preciso".
O sistema deveria começar com a redistribuição do espaço na rua. O carro ocupa seis vezes mais espaço do que os ônibus. Em 2002, pela primeira vez na história da cidade, o transporte individual passou à frente do coletivo -52% do número de deslocamentos são feitos de carro e 48%, de ônibus.
Vasconcellos propõe que as ruas sejam distribuídas de forma eqüitativa entre carros e ônibus. Para garantir que os ônibus se desloquem a 20 ou 25 km/h (está entre 12 e 15 km/h), por meio de corredores ou faixas exclusivas, haveria automaticamente uma redução do espaço para carros nas ruas. "Vai gerar protestos, gritaria porque haverá menos espaço para carro, mas tem de fazer", diz.
Deveria ser implantado também um sistema de controle dos ônibus, com comunicação instantânea, como a que existe no Metrô. Só com esse tipo de sistema, operado com rádio ou via satélite, seria possível manter a velocidade média de 20, 25 km/h se um veículo quebrar no meio do trânsito, segundo ele. "É inacreditável que até hoje não exista um sistema assim para os ônibus. Sem isso, não há racionalidade", afirma.
Um sistema de ônibus precisa de informação antecipada para funcionar. O usuário precisa saber que linhas de ônibus passam naquele ponto e seus horários. As tabelas devem estar nos pontos, na internet e numa TV, sugere.
Regularidade e confiabilidade são qualidades essenciais para levar uma parcela da classe média para os ônibus, na opinião dele.
"Uma parte da classe média não usa ônibus porque ela nunca sabe a que horas ele passa e a que horas vai chegar no destino", diz. Um sistema de ônibus deve ser prioritário, de acordo com Vasconcellos, porque oferece a melhor relação custo-benefício.

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