São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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4 LIXO

Com tecnologia, detritos podem gerar energia

DA REPORTAGEM LOCAL

Aterro sanitário é uma tecnologia condenada, segundo o economista Sabetai Calderoni, autor do livro "Os Bilhões Perdidos no Lixo". O valor da terra em áreas de alta concentração urbana e a poluição que o lixo acumulado causa inviabilizarão essa forma de destinação, na visão dele.
A Europa já adotou um método de tratamento de lixo que não polui e gera energia como subproduto. São os centros de biodigestor aeróbico, um sistema no qual microorganismos transformam o lixo orgânico em energia e adubo.
Calderoni, que visitou biodigestores desse tipo na Alemanha e na Bélgica, diz que não há mais o inconveniente do mau cheiro nessas instalações. O gás que seria emitido agora é sugado por um sistema de pressão negativa.
Dinheiro para construir os biodigestores pode ser obtido por meio do próprio adubo produzido e com a energia que será gerada, na opinião do economista.
Pelas contas de Calderoni, 50 toneladas de lixo podem gerar 1 megawatt de energia. Como São Paulo produz 10 mil toneladas de lixo por dia, das quais 6.000 são de matérias orgânicas, seria possível gerar 120 megawatts por dia -o suficiente para abastecer 120 mil pessoas. O adubo produzido seria vendido por cerca de R$ 1,50 o quilo, diz Calderoni.
Os biodigestores poderiam ser geridos como concessão pública -a prefeitura escolheria as empresas por meio de licitação. O mantra do pesquisador é que o lixo pode gerar riqueza, desde que tratado com tecnologia.
Outra solução para o lixo que Calderoni considera simples seria a prefeitura fixar a regra de que 10% do papel que todas as repartições usam devem ser reciclados. Um dos maiores problemas dos mercados de reciclados é que o preço do produto é alto porque a escala de produção é pequena.
Com uma norma simples, a prefeitura criaria um mercado de papel reciclado, diz. "Se existe compra garantida, a indústria começa a produzir." O papel corresponde a cerca de 15% do lixo. Se essa parcela fosse reciclada, afirma, os aterros e os caminhões para transportá-la seriam poupados.

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