São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

5 POLUIÇÃO DO AR

Inspeção veicular limpa a atmosfera

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma única medida conseguiria reduzir de 20% a 30% o volume de partículas inaláveis, um dos mais graves poluentes do ar de São Paulo, segundo o engenheiro químico e sanitarista João Vicente Assunção, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP: a inspeção veicular.
"Todo mundo sabe que o efeito seria grande, mas a inspeção veicular virou um lenga-lenga que já dura dez anos", conta o professor. A técnica, segundo ele, pode reduzir a poluição se atuar sobre os carros mais velhos da frota -aqueles que são considerados os mais poluentes.
A medida é adiada por causa do custo político que teria, de acordo com Assunção: seria mais uma taxa para o paulistano pagar, cujo valor deve girar em torno de R$ 50. "Essa é uma taxa boa porque tem um efeito rápido sobre a saúde pública", diz.
Assunção defende um pacote para reduzir os poluentes no ar, com três ingredientes: transporte público "limpo" (movido por energia elétrica e gás natural), pesquisa tecnológica para reduzir os componentes poluentes do combustível e campanhas que estimulem as pessoas a andar a pé ou de bicicleta.
As partículas inaláveis são um subproduto do óleo diesel usado em veículos e nas indústrias. Para reduzi-las, segundo Assunção, a prioridade deve ser utilizar o metrô e os ônibus movidos a gás natural -atualmente, dos 10 mil ônibus que rodam na cidade de São Paulo, não passam de 2% os que ônibus que usam esse tipo de combustível.
Outra tecnologia que deve ser prioritária no transporte público, de acordo com Assunção, é a dos ônibus híbridos (diesel e elétrico) pela razão óbvia de que consomem menos óleo diesel.
O transporte público precisa também ter estratégias para seduzir a classe média e forçá-la a deixar o carro em casa.
Tudo isso, porém, pode não ser suficiente para melhorar o ar. Nova York é um dos melhores exemplos. A cidade tem 1.062 quilômetros de linhas de metrô e taxas de poluição altas. Contra esse beco, só há uma saída, diz Assunção: as pessoas precisam andar mais a pé ou de bicicleta.

Texto Anterior: 4 lixo: Com tecnologia, detritos podem gerar energia
Próximo Texto: 6 imagem da cidade: SP deve rir dos próprios defeitos, diz Olivetto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.