São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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6 IMAGEM DA CIDADE

SP deve rir dos próprios defeitos, diz Olivetto

DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo tem de parar com essa mania de grandeza de achar que é Nova York, de pensar que a sua essência está na Oscar Freire, a rua dos Jardins que reúne o mundo maravilhoso das grifes. O conselho para mudar a imagem da cidade é do publicitário Washington Olivetto, um dos mais premiados do país.
"São Paulo é mais do cacete porque não se parece com nada, só com ela, por causa da mestiçagem. Temos a característica mais valorizada pela modernidade. São Paulo tem de parecer consigo mesma, não com Nova York".
Descartada a mania, Olivetto propõe a ironia como método para restaurar a auto-estima na cidade. "São Paulo tem de aprender a rir dos seus defeitos".
Ele dá dois exemplos em forma de piada. São Paulo é a única cidade do mundo onde bairro de rico tem nome de bairro de pobre: Vila Nova Conceição; é a cidade onde faculdade tem nome de escola de samba: Metropolitana Unidas.
Vender-se por meio da crítica é um modo mais contemporâneo de marketing, segundo o publicitário, porque não despreza a visão do consumidor. Rir dos defeitos é também uma maneira de elevar a auto-estima. "Quem ri de si próprio não é inseguro".
Para vender-se melhor, é necessário melhorar o produto, de acordo com Olivetto. O exemplo mais contundente, para ele, é o da campanha "I Love New York", lançada em 1977 pela cidade.
Os melhores resultados dessa campanha apareceram na década de 90 porque Nova York conseguiu reduzir a violência, recuperar áreas degradadas e diminuir a poluição visual.
A região óbvia em São Paulo a receber investimentos para a sua recuperação é o centro da cidade, na concepção do publicitário. Olivetto acha que todas as ações já feitas na área foram muito tímidas. Ele sugere que os paulistanos mirem-se no exemplo de Buenos Aires e criem um sinal forte de que a região mudou.
Os argentinos conseguiram erguer uma marca com essas características em Buenos Aires: Puerto Madero, uma área degradada do final do século 19 que se tornou sinônimo de diversão sofisticada ao ser recuperada.

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