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Em escola do Rio, criança de cinco anos já é "candidata"
Profissionais fazem até "preparação" de alunos
DE SÃO PAULO
Tradicionalmente entre os
mais bem colocados no
Enem no país, o colégio Santo Agostinho, na zona sul do
Rio, aplica prova desde o primeiro ano do fundamental.
Para essas crianças, que
devem completar seis anos
até 31 de dezembro de 2011, o
processo dura dois dias e será feito em novembro.
No folheto informativo sobre a seleção, a escola pede
que "o candidato" leve um
tubo de cola branca líquida e
uma caixa de lápis de cor,
sem o amarelo. No cronograma, há divulgação de resultado e reclassificação.
Entre os aspectos a serem
observados, o colégio aponta
desenvolvimento motor, reconhecimento das vogais
maiúsculas, identificação e
representação dos numerais
até 20, cálculo mental até 12,
expressão oral e outros.
INTENSIVINHO
Para a professora Cláudia
Horta, que há seis anos prepara alunos de cinco a nove
anos para esse tipo de prova,
o intuito dos colégios é sondar em que nível o aluno está. "Antes do segundo ano, é
muito lúdico. Não se pode falar em "criança reprovada"."
Neste ano, Horta preparou
mais de 30 crianças pequenas para as provinhas dos colégios top do Rio, como o São
Bento, o Santo Inácio e também o Santo Agostinho.
As atividades que propõe
tentam desenvolver nas
crianças a percepção visual e
auditiva, a lateralidade e a
coordenação motora.
A administradora Rosana
Sartori recorreu aos serviços
de Horta para ajudar as suas
duas filhas no processo seletivo do Santo Agostinho.
Sartori conta que sua filha
mais velha fez a prova para
ingresso no segundo ano
uma vez e não conseguiu a
vaga. No ano seguinte, a menina se preparou por dois
meses e foi aceita. "Não houve trauma para ela."
No ano passado, foi a vez
da sua filha mais nova tentar
uma vaga no primeiro ano do
ensino fundamental. A menina também fez aulinhas de
reforço e foi selecionada.
"Eram 450 crianças disputando 125 vagas. Ela nunca
soube disso para não ficar
nervosa", afirma Sartori, que
é ex-aluna e hoje diz que as
duas filhas e ela estão muito
satisfeitas com a escola.
"Não vejo outro critério
que o Santo Agostinho poderia usar para selecionar os
alunos. Prova é bem melhor
do que se o ingresso fosse por
pedido ou indicação", diz.
A Folha procurou a direção do colégio durante todo o
dia de sexta-feira, mas não
obteve uma resposta.
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