São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2010

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Em escola do Rio, criança de cinco anos já é "candidata"

Profissionais fazem até "preparação" de alunos

DE SÃO PAULO

Tradicionalmente entre os mais bem colocados no Enem no país, o colégio Santo Agostinho, na zona sul do Rio, aplica prova desde o primeiro ano do fundamental.
Para essas crianças, que devem completar seis anos até 31 de dezembro de 2011, o processo dura dois dias e será feito em novembro.
No folheto informativo sobre a seleção, a escola pede que "o candidato" leve um tubo de cola branca líquida e uma caixa de lápis de cor, sem o amarelo. No cronograma, há divulgação de resultado e reclassificação.
Entre os aspectos a serem observados, o colégio aponta desenvolvimento motor, reconhecimento das vogais maiúsculas, identificação e representação dos numerais até 20, cálculo mental até 12, expressão oral e outros.

INTENSIVINHO
Para a professora Cláudia Horta, que há seis anos prepara alunos de cinco a nove anos para esse tipo de prova, o intuito dos colégios é sondar em que nível o aluno está. "Antes do segundo ano, é muito lúdico. Não se pode falar em "criança reprovada"."
Neste ano, Horta preparou mais de 30 crianças pequenas para as provinhas dos colégios top do Rio, como o São Bento, o Santo Inácio e também o Santo Agostinho.
As atividades que propõe tentam desenvolver nas crianças a percepção visual e auditiva, a lateralidade e a coordenação motora.
A administradora Rosana Sartori recorreu aos serviços de Horta para ajudar as suas duas filhas no processo seletivo do Santo Agostinho.
Sartori conta que sua filha mais velha fez a prova para ingresso no segundo ano uma vez e não conseguiu a vaga. No ano seguinte, a menina se preparou por dois meses e foi aceita. "Não houve trauma para ela."
No ano passado, foi a vez da sua filha mais nova tentar uma vaga no primeiro ano do ensino fundamental. A menina também fez aulinhas de reforço e foi selecionada.
"Eram 450 crianças disputando 125 vagas. Ela nunca soube disso para não ficar nervosa", afirma Sartori, que é ex-aluna e hoje diz que as duas filhas e ela estão muito satisfeitas com a escola.
"Não vejo outro critério que o Santo Agostinho poderia usar para selecionar os alunos. Prova é bem melhor do que se o ingresso fosse por pedido ou indicação", diz.
A Folha procurou a direção do colégio durante todo o dia de sexta-feira, mas não obteve uma resposta.


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