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Engenheiros dizem que implosão fracassou

Para eles, explosivos não estavam em locais certos

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Engenheiros especializados ouvidos pela Folha afirmaram que houve erro na implosão do prédio na favela do Moinho, em Campos Elíseos (região central). A falha fez com que apenas os dois primeiros andares caíssem e os outros quatro continuassem de pé -agora mais abalados que antes.

Para o engenheiro de minas Fábio Bruno Pinto, diretor da Fábio Bruno Construções, o erro pode ter uma causa "simples": os explosivos não terem sido postos nos locais exatos.

Segundo ele, provavelmente foram colocados apenas nos pilares dos dois andares que caíram e, se tivessem sido colocados em mais um andar acima, o prédio teria ruído.

"Só caíram os dois que foram detonados e não conseguiram ganhar velocidade para fragmentar o resto."

Ele diz que agora o ideal é usar máquinas de demolição para destruir o resto. "Implodir de novo agora é perigoso, porque a estrutura sofreu abalos e tem risco de alguma coisa cair sozinha."

Pinto também apontou o fato de a Desmontec, empresa responsável pela demolição, não ter colocado telas de proteção ao redor do prédio, como pôde constatar pelas imagens. "Podem ter colocado abraçando pilar por pilar. Alguma proteção tem que ter, senão voa pedaço de concreto até 500 m de distância."

Ele também acha "um exagero" os 800 kg de explosivos que a Desmontec disse ter usado na operação. "Para 2.200 furos feitos [para instalar os explosivos], bastam 250 kg."

Outros dois engenheiros especialistas em implosão consultados pela Folha, que preferiram não se identificar por questões profissionais, disseram que até 75 kg já seriam suficientes para o trabalho.

Para um deles, as detonações poderiam ter sido feitas apenas nos dois andares, desde que colocando os explosivos nos lugares certos.

Eles dizem que a estrutura está ainda mais abalada e oferece riscos aos funcionários que continuarem o trabalho e aos usuários da linha de trem, que deve ser liberada amanhã.

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