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Maioria diz que pretende procurar tratamento

Mais da metade já se tratou, sem sucesso

DE SÃO PAULO

O viciado da cracolândia paulistana é em sua maioria homem (84%), tem entre 16 e 34 anos (63%), mora sozinho (71%), nasceu no Estado de São Paulo (61%, sendo 36% na capital), é solteiro (62%), mas tem filhos (70%).

O percentual de mães é ainda maior: 90% das mulheres entrevistadas pelo Datafolha.

Uma das explicações pode ser a prostituição, e a falta do uso de preservativos, que é muito comum entre elas.

Um número é alentador: a maioria (69%) afirma que pretende procurar tratamento para se livrar da droga. Outro, frustrante: 54% já se trataram, sem sucesso.

Segundo médicos, a recaída é muito comum e ocorre por vários motivos.

Um deles é que os tratamentos médicos só conseguem ter algum resultado quando já passou a fase da "lua de mel" do viciado com a droga, quando ela deixa de dar prazer e provoca mais sofrimento e fissura que a sensação de plenitude, afirma o psiquiatra Dartiu Xavier, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Outro questão é a existência dos chamados transtornos psíquicos associados: cerca de 70% dos viciados apresentam também depressão, ansiedade ou pânico.

Isso os afasta dos tratamentos.

Para a psicóloga Cristina Greco, os dependentes têm em comum o que chama de "os 3 Ds". Desistem de tudo com muita facilidade; são altamente destrutivos e descontínuos -não conseguem construir suas próprias histórias.

ALTO CONSUMO

Segundo os dados da Datafolha, 63% dos entrevistados na cracolândia dizem já usar o crack há mais de cinco anos. Para 5%, o vício teve início há mais de 20.

No total, 52% começaram a fumar antes dos 20 anos; 6% com menos de 10 anos.

O consumo é alto: 48% dizem fumar mais de cinco pedras de crack por dia.

É que a droga dá efeito rápido, mas efêmero, o que faz o usuário querer logo outra; 38% dizem gastar mais de R$ 60 por dia com o vício.

Também utilizam outras drogas (65% do total dos entrevistados pelo Datafolha).

Entre as ilícitas, a mais comum é a maconha (43%), seguida da cocaína (30%).

A bebida também entra no coquetel: a maioria dos que a consomem dizem fazer isso diariamente.

Segundo Cristina Greco, é raro o usuário de crack não ter passado por outras drogas.

(VAGUINALDO MARINHEIRO)

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