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PM infiltrou homens antes de reintegração

Segundo comando, objetivo foi desarmar exército improvisado por moradores que exibia porretes com pregos e facas

Planejamento de ação policial em São José dos Campos contrasta com improviso na ajuda a famílias desabrigadas

Fernando Donasci/Folhapress
Aline da Rosa vivia no Pinheirinho e diz que a polícia não permitiu que ela retirasse os pertences de sua antiga casa
Aline da Rosa vivia no Pinheirinho e diz que a polícia não permitiu que ela retirasse os pertences de sua antiga casa

DE SÃO PAULO
DOS ENVIADOS A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
DE BRASÍLIA

A ação policial na favela Pinheirinho, em São José dos Campos, foi precedida de uma investigação da inteligência da PM, que infiltrou homens entre moradores para saber onde estavam as armas exibidas por um grupo dias antes da reintegração de posse da área, realizada no domingo.

Os integrantes do "exército" informal do Pinheirinho usavam porretes com pregos, facas amarradas em madeiras, além de escudos de plástico e capacetes de motociclistas.

Segundo a PM, o material foi recolhido nas primeiras horas da reintegração de posse, que removeu milhares de suas casas -6.000 segundo as lideranças dos moradores e 2.800 segundo a prefeitura da cidade do Vale do Paraíba.

Essa ação de inteligência, afirma o comando da corporação, evitou uma tragédia, segundo o comandante da PM, coronel Álvaro Camilo. "Se houvesse o enfrentamento, acabaria em morte."

No domingo, dezenas ficaram feridos, muitos por tiros de bala de borracha da PM. Um homem foi baleado, mas a política nega envolvimento. A suspeita do disparo recai sobre guardas municipais.

Houve ainda depredações nos arredores. Veículos e prédios foram incendiados. Não há indícios, segundo o prefeito Eduardo Cury (PSDB), de que houve participação de líderes de movimentos sociais e moradores nessas ações.

SOCIAL

A megaoperação policial que envolveu quase 2.000 PMs contrasta com a ausência de propostas sociais para os agora desabrigados.

Em oito anos de ocupação da área no interior paulista, os governos federal, estadual e municipal não se posicionaram em favor da desapropriação e não apresentaram programas habitacionais específicos para as famílias.

Apenas agora as três esferas de governo agiram. O governo Dilma Rousseff (PT) diz querer incluir as famílias no programa Minha Casa, Minha Vida; o governo Geraldo Alckmin (PSDB) ofereceu o programa de aluguel social.

Anteontem, o prefeito Eduardo Cury (PSDB) afirmou que a prioridade é dar atendimento social "a curto prazo", com abrigos, vagas em creches e assistência médica.

Esse atendimento é precário, segundo a Defensoria Pública do Estado. Ela diz que encontrou pessoas abrigadas em quadras próximas a viveiros de pombos e fezes de animais. Alguns sem-teto optaram por ficar numa igreja.

NA FILA

O prefeito disse ainda que não está, por ora, focado na montagem de programa habitacional para os moradores agora desabrigados.

Cury afirmou que as famílias do Pinheirinho não poderão passar à frente das demais inscritas no cadastro, a não ser que haja programa específico para isso.

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