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Morador diz que casa foi demolida com móveis

Promessa é que comunidade poderia tirar pertences antes da demolição

Polícia Militar afirma não ter conhecimento de que casas estejam sendo derrubadas com objetos no interior

JEAN-PHILIP STRUCK
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Ex-moradores do Pinheirinho, em São José dos Campos, dizem que suas casas foram demolidas antes que pudessem pegar seus pertences.

A área está ocupada desde domingo pela Polícia Militar, que retirou os milhares de moradores de lá após conflito.

"Fui com o caminhão e não me deixaram entrar. Voltei depois e meus móveis estavam todos debaixo dos destroços", disse João Francisco Alves Souza, 48, que está abrigado em uma igreja.

Nas ruínas de alguns imóveis, a reportagem flagrou geladeiras e fogões novos em meio ao entulho.

Ontem, houve registro de apenas um incidente: a cabine de um caminhão foi incendiada por dois homens em uma moto.

Ao longo do dia, máquinas colocaram abaixo metade das mais de mil casas da invasão. Entre os imóveis, havia barracos e sobrados.

A previsão é que o terreno seja entregue aos proprietários hoje, ao meio-dia.

VERSÕES

A Polícia Militar afirma que "não tem conhecimento" de que casas estejam sendo demolidas com pertences dos moradores no interior.

Segundo a corporação, os imóveis só estão sendo derrubados com a supervisão de um oficial de Justiça e depois que os moradores declaram ter tirado suas coisas.

Ainda de acordo com a Polícia Militar, móveis e objetos podem ter sido deixados para trás porque moradores não quiseram levá-los.

Já ex-moradores ouvidos pela Folha disseram que não tinham lugar ou espaço nos veículos para levar tudo o que havia dentro de suas casas.

EXCEÇÃO

O coronel Manoel Messias Mello, comandante da operação, minimizou as críticas e disse que permitir que os moradores retirassem suas coisas já foi uma exceção.

"Numa reintegração, todo o patrimônio poderia ser retirado e levado para um depósito. Mas entendemos que seria mais oportuno que as pessoas pudessem acompanhar essa retirada", afirmou o comandante da operação.

Entre os ex-moradores, o clima era de revolta com a Justiça -que determinou a reintegração-, com a imprensa -acusada de parcialidade- e também com os líderes do Pinheirinho.

Segundo a dona de casa Maria da Luz Souza, 57, dias antes, quanto a operação da polícia era iminente, os líderes afirmaram que os moradores poderiam continuar a reformar suas casas porque a polícia não iria entrar para retomar a posse do local.

"Fomos iludidos. Há duas semanas instalei um telhado de R$ 2.500. Agora vai ficar para trás", reclamou ela.

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