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Capitais desconhecem sua poluição do ar

Em Manaus, cuja frota de veículos aumentou 65% em cinco anos, não existe medição da qualidade atmosférica

Fortaleza e Recife também não possuem monitoramento; Salvador só instalou sistema no ano passado

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

O impacto do aumento da poluição do ar em Manaus começa a ser sentido pela população. Em cinco anos, a frota de carros da cidade subiu 65%. A maior taxa entre as dez capitais mais populosas.

É impossível, porém, quantificar a gravidade da situação. A capital do Amazonas desconhece o quanto de seu ar está contaminado.

Não existe rede de monitoramento de qualidade atmosférica na cidade. Exemplo que está replicado em todas as outras regiões do Brasil.

Levantamento feito pela Folha mostra que cidades como Fortaleza e Recife também desconhecem a poluição que paira sobre elas.

Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, apesar de possuírem redes em operação, precisam melhorar o número de estações e a qualidade de seus equipamentos, dizem especialistas do setor. O mesmo vale para Brasília. A capital federal tem três estações no plano piloto, por exemplo. Nenhuma delas mede ozônio.

Salvador instalou apenas no ano passado seu sistema.

"Dá para inferir. Todas as cidades estão tendo aumento de poluição", afirma Nelson Gouveia, pesquisador da USP e especialista em estudos da poluição do ar. A afirmação está embasada por várias pesquisas acadêmicas.

Entre 2007 e 2008, estudo feito sob coordenação do especialista Paulo Saldiva, também da USP, mostrou que a poeira fina, grande parte fruto da poluição causada pelos carros, está acima do permitido pelas normas internacionais em cinco capitais: São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre.

As duas primeiras colocadas têm redes de monitoramento funcionando o ano todo, há mais de uma década. Nestes locais, além da poeira fina, o ozônio está em alta.

A região metropolitana de Belo Horizonte, indica o relatório estadual de 2009, detectou o aumento do ozônio. Lá, só existe uma estação, entre três, que mede o poluente.

No caso de Curitiba, o próprio relatório anual de qualidade do ar (o último é de 2009) trata das falhas do sistema de medição. Ele mostra que a cidade tem apenas uma estação medidora de monóxido de carbono. Mesmo assim, em 2009, funcionou apenas durante metade do ano.

No RS, relatórios diários das estações da Grande Porto Alegre, neste mês, também mostram a fragilidade dos equipamentos. No site da Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental) o último relatório anual é de 2002.

Entre as demais, Vitória (ES) tem um sistema bom de medição, dizem os técnicos.

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