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Polícia continua sem pistas um ano após fuga de Abdelmassih

Delegado critica Justiça, que, diz, não autoriza escutas nem interceptação de mensagens de pessoas já condenadas

Imagens simulam como pode estar o rosto do médico, condenado por estupro de 39 pacientes; ele alega inocência

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE SÃO PAULO

Ele está no Líbano ou no interior de São Paulo? Com barba ou sem o conhecido bigode? Atua clandestinamente como médico ou vive do dinheiro acumulado durante sua bem-sucedida carreira?

Quem sabe responder a essas perguntas se cala e há um ano a polícia tenta, sem sucesso, descobrir o paradeiro de Roger Abdelmassih, que era o mais famoso especialista em fertilização assistida do país e que agora está na lista de seus principais foragidos.

Abdelmassih desapareceu em janeiro de 2011, depois de a Justiça decretar sua prisão após a condenação a 278 anos de reclusão pelo estupro de 39 pacientes em sua clínica, que funcionava na avenida Brasil, área nobre de São Paulo.

Segundo depoimentos de vítimas, ele se aproveitava que estavam sedadas para abusar sexualmente delas.

"Não temos nenhuma pista. Zero. O Abdelmassih era rodeado de pessoas que não têm interesse em denunciá-lo", afirma o delegado Waldomiro Milanesi, da Divisão de Capturas de São Paulo.

Ele reclama que a Justiça não autoriza escutas telefônicas ou interceptação de mensagens de pessoas já condenadas.

"A Justiça autoriza no caso de investigações que acontecem antes da condenação, não depois, se a pessoa está foragida", afirma Milanesi. Sem isso e sem denúncias, fica difícil, diz o delegado, cujo departamento capturou 1.593 pessoas em 2011. Nenhuma com a fama de Abdelmassih.

A polícia tem simulações de como pode estar a aparência do médico hoje. E só.

SILÊNCIO

No ano passado, apareceram boatos de que ele teria fugido para o Líbano, de onde vieram seus antepassados.

Autoridades daquele país dizem não ter nenhuma informação ou pista.

Os amigos, ou ex-amigos, não querem falar sobre ele.

Antes o médico era figura frequente em festas de celebridades e íntimo de famosos como Pelé e Gugu, que utilizaram seus serviços para realizar o sonho da paternidade.

A família também se cala. "Não tenho nada a dizer sobre ele. Não tenho nenhum contato. Se você souber onde ele está, me informe", afirma Maria Stela Abdelmassih Amaral, uma das irmãs.

Ela organizou no mês passado um bazar com objetos que seriam do médico, o que nega. "Tudo o que estava lá para vender era meu", diz.

A polícia acredita que Abdelmassih, de 68 anos, esteja com a mulher, a ex-procuradora Larissa Maria Sacco, 32. Ela estava grávida de gêmeos quando sumiu. O nascimento era previsto para setembro.

O advogado do médico, José de Oliveira Sobrinho Júnior, prefere não falar se mantém contato com seu cliente.

Ele aguarda a decisão da Justiça sobre dois pedidos. Uma apelação ao Tribunal de Justiça de São Paulo e um habeas corpus no STJ (Superior

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