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Maioria das mortes durante greve não será esclarecida, afirma polícia

Delegado diz que explosão de homicídios e medo de testemunhas dificultam investigações

Na Bahia, índice de esclarecimentos de homicídios já é considerado baixo: cerca de 20% a 25%

DOS ENVIADOS A SALVADOR
DE SALVADOR

A maior parte dos responsáveis pelas 176 mortes registradas na região metropolitana de Salvador durante a greve dos policiais militares deve ficar impune, acredita a própria Polícia Civil baiana.

Além do grande número de assassinatos durante os 12 dias da paralisação e do temor da população em ajudar nas investigações, o índice de esclarecimentos de homicídios no Estado já é muito baixo: cerca de 20% a 25%.

Em São Paulo, por exemplo, o índice declarado de elucidação de homicídios é de cerca de 60%.

A explosão de assassinatos em Salvador nos 12 dias de greve vai dificultar ainda mais as investigações, admite o delegado Arthur Gallas. "Já trabalhamos no limite. Aumentou muito nossa demanda, um número três vezes maior em um período curto. Acumula muito, prejudica nosso trabalho", diz.

E, segundo a polícias, as testemunhas dos crimes temem sofrer represálias.

"As pessoas têm muito receio. E, a cada dia que passa, fica mais difícil", disse Gallas na última sexta-feira.

Ontem, a Folha revelou que tiros na cabeça foram a causa da morte em ao menos 59 dos 109 homicídios ocorridos na capital entre 31 de janeiro e 9 de fevereiro, quando a greve acabou. Isso sugere que a maioria das vítimas não teve chance de defesa.

Sem conseguir atender a todos os crimes, a polícia prioriza a investigação de casos com suspeitas de atuação de grupos de extermínio, alguns deles com a participação de policiais militares.

Parte das famílias de vítimas diz não acreditar no sucesso da polícia.

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