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Postos já racionam combustível por cliente

Justificativa é não prejudicar os motoristas que estão nas filas

Dificuldade em abastecer faz muitos deixarem carro em casa e usar táxi ou transporte coletivo

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DO "AGORA"

Com a paralisação, postos que ainda tinham um pouco de combustível começaram a racionar a quantidade de produto vendida aos clientes.

Após uma hora e 40 minutos na fila de um posto na zona sul, a motorista Joice Almeida Guimarães, 29, foi uma das que receberam o aviso: só teria direito a, no máximo, oito litros de gasolina.

"Eu com o tanque praticamente vazio. Não deu nem para chegar ao primeiro pontinho do medidor", disse.

O posto justificou a "economia" como uma alternativa para não prejudicar os clientes na fila -na hora do racionamento, Joice, por exemplo, era a oitava.

Agora, teme ficar sem combustível logo, já que tem de levar hoje sua filha a uma consulta num hospital na região da avenida Paulista -ela mora em Santo Amaro (zona sul).

A dificuldade em encontrar combustível também fez muitos motoristas deixarem o carro na garagem.

Com o tanque seco e sem conseguir achar postos abertos em Itaquera (zona leste), onde mora, o bancário Rodrigo Sampaio, 35, teve que levar os filhos para a escola de táxi.

Nos últimos dois dias, ele também foi para o trabalho, que fica em Santana (zona norte), de trem e metrô.

Total gasto com os novos meios de transporte? R$ 130. "Com tudo isso dava para encher o tanque do meu carro por uma semana", disse.

"A gente trabalha para ter o conforto do automóvel e acontece esse tipo de coisa."

Além dos gastos a mais, ele perdeu algumas horas de sono. Acostumado a acordar às 8h, Sampaio agora precisa sair da cama às 7h para não chegar atrasado ao trabalho.

SÉTIMA TENTATIVA

O comerciante Ricardo Schiavelli, 54, enfrentou uma "via-crúcis" à procura por postos de combustíveis.

Sem ver nenhum em funcionamento na região do Ibirapuera (zona sul), onde estava, ele seguiu pela avenida 23 de Maio e perambulou por outras cinco ruas, sem sucesso.

Conseguiu achar um posto com combustível apenas na avenida Brigadeiro Luís Antônio, em um estabelecimento que é voltado preferencialmente para táxis.

O gerente do posto, Francisco Mororó, 61, disse que só tinha gasolina de sobra porque uma descarga de energia no sábado fez com que as bombas parassem de funcionar -o estabelecimento só voltou a atender na terça-feira.

"E ainda assim só dá para hoje", diz ele.

Com o tanque na reserva, o analista de suporte Luiz André Novaes Santos, 37, quase ficou sem poder trabalhar por falta de combustível. Só encontrou um posto na sétima tentativa. "Já ia ter que parar e pedir ajuda."

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