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Governo agora quer manter reforço, mas não explica plano

Alckmin desautorizou resolução da Secretaria da Educação revelada pela Folha na semana passada

Decisão de governador deve trazer dificuldade para rede, já que aulas já foram distribuídas entre os professores

FÁBIO TAKAHASHI
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

Desde que Geraldo Alckmin (PSDB) declarou publicamente que a decisão de seu governo de acabar com as aulas extras de reforço não valeria na prática, a Secretaria de Estado da Educação não conseguiu explicar como manterá essas aulas extras e, ao mesmo tempo, adotará um segundo professor em sala.

Em janeiro, o secretário da Educação paulista, Herman Voorwald, publicou resolução na qual excluiu as aulas de reforço dadas aos estudantes no chamado "contraturno". Previstas desde 1997, essas aulas eram dadas por professores auxiliares à tarde para alunos da manhã e vice-versa.

O fim do reforço foi tornado público pela Folha em sua edição de sexta passada.

Para substituir o reforço extra, fora das aulas regulares, o projeto da Secretaria da Educação era adotar um segundo professor em parte das turmas. Ele seria responsável por ajudar os alunos com dificuldades durante as aulas regulares. Também seriam criadas turmas menores em algumas séries do ensino fundamental -o reforço seria dado também no horário regular dos alunos.

"A substituição da recuperação paralela se deu por motivos como a baixa frequência de alunos no contraturno e foi uma das solicitações feitas por representantes de profissionais da rede estadual", informou à Folha a assessoria de imprensa da secretaria na quinta-feira passada.

VAIVÉM

Na sexta, após a Folha revelar a alteração, Alckmin disse que o reforço fora do horário seria mantido. Sua assessoria de imprensa, porém, afirmou logo depois que o governador, na verdade, não queria dizer que haveria aulas fora do horário regular.

No sábado, Alckmin voltou a dizer que as aulas extras de reforço, fora do horário regular, seriam mantidas e negou que tivesse se enganado.

A diferença, afirmou, é que o reforço agora será dado por professores "efetivos", e não mais pelos auxiliares -até o ano passado, eram contratados docentes apenas para as atividades extras de reforço.

"São dois reforços. Um na sala de aula, com pedagogo, e o no contraturno [período fora do horário regular], com professores titulares, da própria escola e às vezes da própria turma", disse Alckmin.

SEM DETALHES

O governador afirmou que no próprio sábado ou até ontem a Secretaria da Educação detalharia a mudança -o que não ocorreu de fato, apesar dos pedidos da reportagem.

Ontem, a assessoria do governador confirmou que o modelo que será adotado é o anunciado por Alckmin, ou seja, haverá segundo professor nas aulas regulares e aulas extras de reforço dadas por professores "titulares".

A implementação do formato anunciado pelo governador, porém, pode trazer dificuldades para a secretaria, uma vez que os professores efetivos já escolheram suas aulas -o ano letivo começou há quase dois meses.

Assim, se o docente já está lecionando em aulas pela manhã e à tarde, dificilmente ele poderá se dedicar ao reforço extra no contraturno.

O Estado também vive crise por falta de professores. Chegou até a chamar para dar aula profissionais reprovados no teste de admissão.

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