Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

'Minhocão' carioca deve ir ao chão em 3 anos

Para a prefeitura, elevado é o 'vilão' da degradação da zona portuária

Defensores afirmam que fim do viaduto trará problemas ao trânsito e custará mais que a revitalização

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

Para a Prefeitura do Rio, ele é o responsável pela degradação da zona portuária. Mas os 5,5 quilômetros de extensão do Elevado da Perimetral, espécie de Minhocão carioca que começa a ser demolido no primeiro semestre de 2013, têm seus defensores.

O fim do viaduto faz parte do projeto de revitalização da área para a Olimpíada. Sua demolição e substituição por túneis e vias expressas tem custo de R$ 8 bilhões.

Para urbanistas, a derrubada vai restabelecer a ligação entre aquela região da cidade e o mar, mas críticos se mobilizam para tentar frear a intenção do prefeito Eduardo Paes (PMDB). Afirmam que a ausência da via, por onde passam 75 mil veículos diariamente, causará caos no trânsito. Dizem ainda que seria possível melhorar a ambiência do local mantendo a via gastando menos do que com a destruição do elevado.

"Nossos arquitetos são muito criativos. Eles são capazes de melhorar a área sem o custo de uma demolição", diz o arquiteto Armando Abreu, membro do Conselho de Política Urbana. Ele cita o Promenade Plantee, em Paris, e o High Line Park, em Nova York, ambos viadutos convertidos em parques urbanos.

A maior parte da demolição, bem como as obras e serviços no porto, será paga com recursos da venda de títulos imobiliários. O município custeará com recursos próprios a derrubada do viaduto no trecho entre a avenida Presidente Vargas e a praça 15. A Cdurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Porto), afirmou ainda não saber o custo total da remoção.

Construída em partes entre 1960 e 1975, a via interliga o aterro do Flamengo com as avenidas Presidente Vargas, Brasil e a ponte Rio-Niterói. O debate sobre a demolição começou dez anos após a conclusão. Em 85, a prefeitura criou grupo para discutir a revitalização da área e já previa seu fim. Mas apenas em 2011 o debate saiu do papel.

O diretor de operações da Cdurp, Luiz Lobo, diz que a derrubada atrai investidores imobiliários à região -forma encontrada para custear as intervenções. "Qualquer elevado em área urbana tem poder altamente degradador. Cria sombra, ruído e ambiência extremamente desagradável. Ninguém que trabalha na área imobiliária faria um lançamento a cinco metros de qualquer viaduto", disse.

Para o presidente do IAB no Rio, Sérgio Magalhães, a derrubada restabelece o ambiente urbano e a ligação da cidade com o mar. Há quem defenda o viaduto. O engenheiro Emílio Ibrahim, ex-secretário do extinto Estado da Guanabara, que construiu a maior parte da via, diz que é do alto da Perimetral que se ve o mar. "Embaixo há armazéns que impedem a visão."

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.