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Não há prazo para fim do tráfico, diz polícia

Com 404 presos e 104 foragidos capturados, ação foi bem-sucedida até agora, afirma a secretária da Justiça

Felix Lima/Folhapress
Nos primeiros dias da operação policial, em janeiro, usuários de crack se aglomeravam na Rua dos Gusmões, no centro
Nos primeiros dias da operação policial, em janeiro, usuários de crack se aglomeravam na Rua dos Gusmões, no centro

DE SÃO PAULO

As polícias Civil e Militar disseram que não há prazo para acabar com o tráfico de drogas na cracolândia, na região central de São Paulo.

"Não posso estabelecer uma data, porque, sempre que tiver usuário, vai ter traficante. Por isso, a ação na cracolândia não é só de polícia, mas também social", afirmou o delegado Wagner Giudice, diretor do Denarc (departamento de narcóticos).

No início da operação, o então comandante-geral da PM, Álvaro Camilo, disse que em 30 dias o tráfico de crack seria interrompido na região. Dias depois da declaração, o coronel Pedro Borges, que era o chefe da área central na época, afirmou que era uma utopia acabar com o tráfico.

Ontem, por e-mail, o chefe interino da PM na região central de São Paulo, major Eder Ken Shiikuma, também não quis estipular uma data para acabar com a venda de drogas na região. Questionado sobre o assunto, ele preferiu falar sobre a quantidade de prisões de suspeitos.

Segundo os dados oficiais, desde janeiro, quando iniciou a operação, policiais e guardas metropolitanos prenderam 404 pessoas em flagrante e capturaram 104 condenados que estavam foragidos.

Em abril, conforme a PM, houve uma redução de 300 para 80 policiais que atuam na área. Essa diminuição só aconteceu porque seis bases comunitárias móveis foram instaladas na região.

Para a secretária da Justiça da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), Eloisa Arruda, os números mostram que, até agora, a ação foi bem-sucedida.

"Aquele formato que existia, com até mil pessoas pelas ruas consumindo crack, acabou. Hoje, o que existe naquela região são umas 80 pessoas que persistem em ficar ali. Uma coisa é certa: não vamos desistir dessas pessoas", afirmou a secretária.

DIFICULDADE

Nos últimos cinco dias, a reportagem entrevistou 34 moradores e comerciantes da Luz e lhes perguntou o que achavam da operação. Desses, 30 disseram que ainda estão incomodados com o trânsito dos usuários e dos traficantes pelas ruas. Os outros quatro afirmaram que estão contentes com a ação.

Para policiais militares ouvidos pela Folha, a dificuldade em diminuir ainda mais o fluxo de viciados acontece principalmente na hora de comprovar o porte de droga.

A orientação do Comando da PM é que qualquer usuário que esteja com a droga deve ser detido e encaminhado para uma delegacia, onde assina um termo e é liberado.

Ocorre que, assim que são revistados, os dependentes conseguem se livrar da pedra, jogando-a no chão e pisando, o que acaba com a prova que precisa ser apresentada ao delegado.

(AFONSO BENITES)

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