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Análise

Centro de São Paulo precisa de vida para não ser paraíso para os marginalizados

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE SÃO PAULO

O grande risco da operação que começou em janeiro deste ano na cracolândia paulistana era repetir o fracasso ocorrido em 2009.

Naquele ano, após midiáticas movimentações de policiais militares pelas ruas do centro, viciados e traficantes reestabeleceram o "shopping da droga a céu aberto" nos mesmos endereços.

Nas duas vezes, faltou fazer a mais eficiente ação na recuperação de áreas degradadas: realizar uma "ocupação do bem" na região.

Se o centro de São Paulo não tiver atividades sociais e culturais que atraiam pessoas de dia e à noite, continuará a ser um paraíso para marginais e marginalizados.

O que existe hoje nas ruas da cracolândia é um monte de prédios demolidos e ruas desertas após o fechamento do comércio.

Quem sai da Sala São Paulo, por exemplo, vê logo à frente um terreno cheio de entulho onde antes ficava a antiga rodoviária.

É um convite à caminhada? Não. Poucos se arriscam. É um atrativo para craqueiros e fornecedores? Sim, basta ver os corpos a disputar a calçada durante algumas horas.

Há pouco mais de uma semana, São Paulo viu megacongestionamentos e milhares de pessoas tentando entrar num evento que reuniu chefs a vender comida de rua em Higienópolis, no centro.

A grande procura explicitou a carência de atividades como essa na cidade. Por que não são promovidas na cracolândia?

Para recuperar toda a região central, não basta apenas uma Virada Cultural, como a que acontecerá no próximo fim de semana. É pouco e não há continuidade.

O centro de São Paulo, como acontece em toda grande cidade do mundo, precisa de vida. Do contrário, continuará a ser habitado pelos "mortos-vivos" do crack.

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