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Falha técnica provoca colisão de dois trens

Estatal e sindicato de funcionários dizem que pane causou o choque; ao menos 106 pessoas foram parar em hospitais

Engenheiros dizem que defeito no sistema automático é inédito; acidente foi o 1º com passageiros no Metrô

DE SÃO PAULO

Uma falha em um componente essencial para a operação segura do metrô -o controle automático de trens- causou o acidente de ontem na linha 3-vermelha.

Foram ao menos dois problemas: primeiro, o sistema mandou o trem acelerar a 100 km/h -quando, tendo uma composição parada à frente, o comando deveria ter sido para que ele freasse.

Segundo, o mecanismo de segurança que impede que dois trens circulem próximos não funcionou. Se ele estivesse em ação, o trem que vinha atrás pararia automaticamente ao ficar a 150 metros da composição da frente.

"Um processador entre as estações Penha e Carrão passou a enviar informações erradas para o sistema", disse o Metrô, que descartou falha do maquinista.

O que ainda não se sabe -e está sendo investigado pelo Metrô- é o que deflagrou o problema. A empresa fará um pente fino nos circuitos de controle da rede.

Diante dos defeitos, o trem tinha velocidade crescente quando se aproximou daquele no qual bateu.

Ao se dar conta da iminência de um choque, o maquinista puxou a alavanca do freio de emergência. O trem reduziu dos cerca de 50 km/h em que estava para algo entre 9 km/h e 12 km/h.

Para o sindicato dos metroviários e a Polícia Civil, o maquinista foi um "herói" por evitar uma batida mais grave. Rogério Fornaza, 29, entrou no Metrô em 2008 e atua como maquinista desde janeiro de 2011.

FRENAGEM

A frenagem foi tão intensa que, aliada ao choque, jogou passageiros no chão. Pessoas quebraram a perna e tiveram cortes no corpo. Uma gestante bateu a barriga, passou mal e foi internada.

Pelo menos 106 pessoas foram atendidas em hospitais públicos, 49 das quais socorridas por bombeiros na hora; os demais procuraram auxílio por conta própria, com dores no corpo ou crises nervosas, entre outros problemas.

Ninguém estava em estado grave. Não havia balanço específico sobre os tipos de ferimentos dos passageiros.

FALHA INÉDITA

"Não há registro disso [o sistema mandar o trem acelerar em vez de parar] em lugar nenhum do mundo", afirma Telmo Porto, professor da Escola Politécnica da USP. O sindicato disse o mesmo.

"Existe algo grave no sistema. Tem ocorrido várias falhas no metrô e na CPTM", diz o presidente do sindicato, Altino de Melo Prazeres Júnior. A Promotoria vai apurar o caso.

Segundo o diretor do sindicato Alex Fernandes, uma hora antes do acidente, um maquinista de outro trem percebeu a mesma falha e avisou o metrô, por volta das 9h. À noite, o Metrô disse que não falaria mais sobre o assunto.

No início da noite, metroviários realizaram assembleia já agendada antes do acidente. Cerca de 500 trabalhadores decidiram entrar em greve na quarta por aumento real de 14,99%. O Metrô ofereceu 0,5% e 4,15% de reajuste da inflação.

(CRISTINA MORENO DE CASTRO, AFONSO BENITES, RICARDO GALLO, EDUARDO GERAQUE E JOSÉ BENEDITO DA SILVA E VANESSA CORREA)

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