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Por trás do tapume

Terreno da antiga mansão Matarazzo, na Paulista, vai abrigar complexo com shopping, teatro e escritórios

DE SÃO PAULO

Em setembro de 1945, o corpo de baile e a orquestra do Teatro Municipal de São Paulo foram apenas parte das atrações que ocuparam um espaço entre as duas piscinas da mansão da avenida Paulista 1.230 para alegrar os convidados do "casamento do século" entre Filly Matarazzo e João de Sousa Lage.

Em 2015, quando a famosa festa completar 70 anos, naquele mesmo número 1.230 da avenida Paulista, será inaugurado um complexo que incluirá escritórios, shopping e teatro. As obras começaram no ano passado.

A antiga mansão da família Matarazzo foi demolida em 1996. Mas quem passa pela mais paulista das avenidas nem imagina que do lado de lá do tapume colorido há uma cratera de 10.000 m² de área e 15 metros de altura no terreno comprado por R$ 125 milhões pelas construtoras Cyrela e Camargo Correa.

O enorme buraco poderá abrigar 1.557 veículos em sete subsolos. Acima dele haverá uma torre de 21 andares.

Serão 13 andares de escritórios, cinco de shopping e um de teatro, um mezanino e áreas técnicas para comandar o complexo, que atrairá cerca de mil carros por hora.

"[Esse novo empreendimento] vai ser uma moradia de carros. Hoje em dia, o povo só quer isso, só gosta disso. Todo mundo só quer carro", diz a aposentada Moab Starling, 75, que mora no sétimo andar de um edifício na rua Pamplona, com vista panorâmica para a obra.

Para cavar o solo da Paulista, uma fila de caminhões foi necessária. No mês passado, a reportagem viu 20 caminhões indo em grupo para fazer a retirada de argila no local, enquanto outros 16 aguardavam, estacionados, na av. Paulo 6º, em Perdizes (zona oeste), a 4 km da obra.

Para compensar o impacto que a torre causará no trânsito local, quando for inaugurada, há uma série de exigências da prefeitura, como o alargamento das ruas São Carlos do Pinhal e Pamplona e investimentos em sinalização e travessias de pedestres.

Atualmente, os projetos de execução dessas obras compensatórias estão em análise pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

Pelos próximos três anos, caminhões e mais caminhões de concreto e terra ainda passarão por ali para erguer um gigante de 124,5 mil m² de construção batizado de Torre Matarazzo, única referência à mansão por onde, por quase um século, passaram alguns dos mais importantes empresários, artistas e políticos do Brasil.

O nome não é suficiente para a administradora Alba Vieira, 30. Para ela, um novo grande edifício e shopping "faz perder ainda mais a identidade da avenida".

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