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Seguidores de trens

Perfis no Twitter fazem sucesso entre usuários com informações on-line sobre metrô e CPTM

DANILO VERPA
CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Não são nem 6h da manhã, e Ricardo já está a mil. Dá bom dia aos mais de 3.500 seguidores, se certifica de que tudo "opera normalmente", para, em seguida, acrescentar que surgiu um problema.

Digita do celular, dentro de um trem que o leva de Francisco Morato (Grande SP), onde vive, até a estação Barra Funda (zona oeste).

Minutos depois, antes de embarcar na Vila Matilde (zona leste), Adilson inicia jornada semelhante, com cerca de 200 informes diários (3.000 em dias turbulentos).

A missão que Ricardo Guimarães, 22, e Adilson Silva, 32, abraçaram é a mesma: divulgar, a cada instante, as condições das linhas de trem e metrô paulistanas.

Tudo pelo Twitter. Eles passam o dia on-line.

Atualizam seus perfis com base em informações de outros passageiros, observadas por eles próprios ou colhidas oficialmente com as companhias. Esse trabalho é feito, inclusive, em fins de semana e feriados. Detalhe: eles não recebem nada por isso.

Ricardo começou com o blog "Diário da CPTM", que, em dois anos, já recebeu mais de 1 milhão de visitas.

Há seis meses, criou o @DiariodaCPTM no Twitter.

"O problema da CPTM é a falta de informação", critica Ricardo. "Eles fazem uma obra e não avisam, ou só em cima da hora. As pessoas me procuram para se informar, e me sinto satisfeito por isso."

Ele sonha em fazer faculdade de jornalismo. Hoje, é auxiliar administrativo.

Já Adilson diz que a criação do @UsuariosMetroSP há quase um ano surgiu como uma brincadeira. "Queria compartilhar situações divertidas que via no metrô, mas logo se tornou um serviço."

Ele diz que, no período, o Metrô se tornou mais transparente, fazendo questão de responder às dúvidas ou reclamações postadas.

Chegou a ser convidado para reuniões e propôs soluções para problemas encontrados na estação Brás.

Facilita o canal o fato de ele nunca publicar palavrões nem mensagens de cunho político -mesmo sendo seguido por alguns vereadores.

Ele é supervisor de helpdesk das 9h às 17h, quando não pode dar tanta atenção ao "trabalho voluntário".

Mas, nas horas de pico, até 0h, está sempre on-line, monitorando o que outros usuários informam.

Foi assim que descobriu, antes de sites noticiosos, que havia tido uma colisão entre trens da Linha Vermelha, que resultou em 49 feridos, em maio. Também divulgou antes o início e o fim da greve dos metroviários.

Por outro lado, já sofreu resistência até mesmo em casa. "Minha mulher, no início, me criticou bastante, porque tinha acabado de nascer meu filho. Mas hoje ela vê com outros olhos. Faço porque gosto, posso ajudar outras pessoas."

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