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Com vistoria, carro solta 49% menos monóxido de carbono

Dado da Controlar sobre 2011 considera o poluente emitido por veículo de passeio

É como se 1,4 milhão de veículos tivessem deixado de circular; médico diz que redução evitou 584 mortes

Joel Silva/Folhapress
Funcionário da Controlar faz inspeção no pátio do órgão; são checados sistema de escapamento e emissão de fumaça
Funcionário da Controlar faz inspeção no pátio do órgão; são checados sistema de escapamento e emissão de fumaça

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

A obrigatoriedade da inspeção veicular na cidade de São Paulo reduziu em 49% a emissão, pelos carros, do poluente monóxido de carbono em 2011, diz a Controlar, empresa responsável pelo programa.

O valor divulgado ontem considera só os veículos leves -os de passeio-, que, conforme a Cetesb, a agência ambiental paulista, emitem 76% do total desse tipo de poluição.

O cálculo funciona assim: no ano passado, o motorista levou seu veículo, mas ele foi reprovado no teste; um mês depois, ele voltou e teve o carro aprovado. A poluição que esse veículo deixou de emitir é que levou à redução.

Pelos dados apresentados pela Controlar, o total do poluente que deixou de sair dos escapamentos dos carros equivale ao emitido por 1,4 milhão de veículos -é como se essa frota "virtual" tivesse deixado de circular na cidade.

"A inspeção é realmente um ganho de qualidade ambiental, que, nos últimos anos, estava sendo perdida por problema de manutenção dos carros", diz Gabriel Murgel Branco, engenheiro especialista da USP e consultor pago pela Controlar para analisar os dados do programa.

MENOS MORTES

Considerada toda a frota inspecionada em 2011 -3,5 milhões-, incluindo os veículos a diesel e as motos, o programa também apresentou ganho para a saúde da população.

Segundo estudo do médico Paulo Saldiva, especialista em poluição atmosférica da USP, a redução de emissão de poluentes evitou 584 mortes na região metropolitana.

Como o próprio grupo de pesquisa da USP estima que 20 pessoas por dia morram na Grande São Paulo por causa do ar sujo que se respira, a inspeção veicular compulsória contribuiu com a redução de 8% de vidas perdidas.

Apesar dos avanços, especialistas em poluição relativizam a importância da inspeção. O programa, dizem, é apenas uma das ferramentas para baixar os índices.

Outras ações passam pelo desenvolvimento de combustíveis cada vez mais limpos. Mas o principal, afirmam, seria reduzir o uso do automóvel.

Os dados dos últimos anos copilados pela Cetesb indicam que, mesmo com a inspeção e a redução das emissões, os níveis de ozônio, gás tóxico também presente na atmosfera paulistana, continuam altos.

A explicação para isso, diz Saldiva, é que a formação dele ocorre tanto pela queima do combustível em si quanto pelo trânsito -com ele cada vez mais parado em São Paulo, o veículo queima cada vez mais combustível.

Nesse trânsito, inclusive, circulam todos os dias por volta de 1 milhão de carros que, por serem de outros municípios, não fazem inspeção. Isso leva os técnicos a defenderem uma inspeção estadual.

Segundo Branco, consultor da Controlar, o que mais tem chamado a atenção nos últimos anos é a emissão por alguns carros novos. "Muita gente mexe mesmo no carro. Isso faz os índices ficarem iguais a de carros muito antigos."

Os números de 2011 mostram que 7,7% de carros com até cinco anos de idade foram reprovados na inspeção.

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