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Com nova lei, restaurante cria cadastro para cliente que pedir bebida alcoólica

Dona do Zeffiro diz que se sentiu obrigada a adotar medida após ser orientada por fiscais e reclama que clientes ficam constrangidos

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

O cliente chama o garçom e, para acompanhar o prato principal, pede um vinho. Antes de ser servido, recebe do constrangido funcionário um formulário onde tem que preencher o número do RG e a data de nascimento.

"Desculpem-nos! Mais uma exigência absurda do nosso Legislativo", diz a introdução do prospecto, que termina pedindo que o freguês tenha "compreensão".

A cena acontece desde o início do mês no restaurante Zeffiro, na rua Frei Caneca, região central.

O formulário foi elaborado pela dona, a juíza aposentada Vera Lúcia Lorenzi Damaso, 56, para atender à lei antiálcool, que pune com multa de até R$ 87,2 mil comerciantes que vendem bebida alcoólica para menores.

Vera diz que passou a pedir RG a todos os clientes que pedem bebida alcoólica, mesmo os de cabelos brancos e claramente maiores de idade, após, segundo ela, ter sido orientada por dois fiscais da Secretaria de Estado da Saúde.

"Há cerca de um mês os fiscais vieram nos orientar, afirmando que tínhamos que pedir o documento e provar a eles que pedimos o RG antes. Nos deram um folheto orientando a usar pulseiras ou cadastros. Optamos pelo menos ridículo, que foi o cadastro."

Um folder na página da lei diz que o estabelecimento pode usar formas de controle, como pulseiras e cadastro.

A pasta nega que os fiscais tenham dado a orientação.

Os clientes, se não ficam irritados, se surpreendem ou riem. "Entendi os motivos porque o garçom e a proprietária vieram explicar, mas achei absurdo, aos 71 anos, ter que apresentar a identidade para pedir um vinho", disse o corretor de seguros Celso Miralla.

No mês passado, funcionários do Pão de Açúcar passaram a pedir o RG a todos os clientes. A rede mudou o procedimento após o governador Geraldo Alckmin dizer que só é necessário pedir a quem aparentar ter menos de 25 anos.

Uma resolução para esclarecer dúvidas está sendo elaborada, segundo o governo.

A secretaria afirmou que não há exigência para que restaurantes anotem os dados dos clientes.

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