São Paulo, quinta-feira, 01 de março de 2007

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4 ANOS DE LULA / NO BOLSO

Consumo das famílias em alta sustenta a expansão

Brasileiros tiveram o 3º ano seguido de aumento nos gastos com bens e serviços

No final de 2006, demanda se acelerou e subiu 4%, com o impulso dado pelo crédito mais farto e pelo avanço da massa real de salários


ENVIADO ESPECIAL AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO

O consumo das famílias brasileiras registrou um crescimento de 3,8% no ano passado e foi um dos principais pilares de sustentação do PIB no ano passado. Trata-se do terceiro ano consecutivo de expansão, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No ano anterior, a alta havia sido de 3,6%.
No quarto trimestre, o consumo se acelerou e subiu 4% em relação ao mesmo período de 2005. Nessa base de comparação, cresce sem interrupção há 13 trimestres, desde o último de 2003.
Pela chamada ótica da demanda, o consumo das famílias é o mais importante dos componentes do PIB e corresponde a 55% do indicador.
De acordo com o IBGE, o aumento da massa salarial em 2006 e a expansão da oferta de crédito explicam o bom desempenho do consumo, assegurando o aumento dos gastos das famílias com compras de bens e serviços.
A massa real de salários (já descontado o efeito da inflação) avançou 5,6% no ano passado. Já o crédito ao consumidor se expandiu 29,9%% em termos nominais.
"O consumo foi estimulado porque houve aceleração da massa salarial real, o crédito continuou aumentando e o câmbio se manteve baixo. Tudo isso favorece", avaliou Rebeca Palis, gerente das Contas Nacionais do IBGE.
Especialistas citam ainda a contribuição da queda da inflação mais baixa como ingrediente de dinamismo do consumo ao possibilitar o aumento da renda.
Um dos pontos motivos da redução dos preços foi justamente o câmbio, que reduziu especialmente preços de alimentos e bens duráveis no ano passado.
"Sempre que o dólar se deprecia, há um impacto na inflação e aumenta o poder aquisitivo", disse Joel Bogdanski, economista do Itaú.

Salário e crédito
Paulo Levy, diretor de estudos macroeconômicos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), também avaliou que o consumo subiu calcado no aumento da massa de salários e do crédito, fatores que vão mantê-lo aquecido também em 2007.
"O consumo teve um desempenho bastante positivo no ano passado. Estimávamos um crescimento menor [2,3%]. O desempenho em 2007 deve ser até um pouco maior", afirmou Levy.
O problema é que boa parte do aumento do consumo está sendo atendida pelas importações, o que acaba afetando a indústria nacional, na opinião de especialistas.
"Quando olhamos os dados de vendas do comércio e comparamos com a produção da indústria, elas sobem mais e percebemos que cada vez mais o aumento da demanda doméstica está sendo suprida por importados. Isso acontece em eletroeletrônicos e até automóveis", afirmou Bráulio Borges, economista da LCA.
Tal situação não seria um entrave, afirma, se a economia brasileira "estivesse crescendo ao mesmo ritmo da economia mundial". "Mas vamos ter um dos piores resultados do mundo em 2006, num ano em que o mundo cresceu quase 5,5%", disse.


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