São Paulo, quinta-feira, 01 de março de 2007

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VINICIUS TORRES FREIRE

O pibinho e os mercadões

Investimento foi a melhor notícia de 2006, mas não foi nada excepcional; comércio exterior afetou, sim, o PIB

O PIB veio na medida da mediocridade esperada. O investimento ainda foi a melhor notícia do ano passado, mas nada que mereça a festa que economistas andam fazendo (investimento: despesas com máquinas, instalações produtivas e construção civil).
O investimento em 2006 cresceu 6,26%, contra 2,86% do pibinho. A taxa de investimento na economia deve ter voltado ao entorno dos 21,5% do PIB em que estava nos anos de 2000 e 2004. Para um país acostumado a viver entre os desastres e as morosidades dos últimos 25 anos, parece bom.
De resto, não está acontecendo nada de excepcional com a evolução do investimento. O investimento extrapola o nível de crescimento do PIB em ciclos de alta da produção. Nos momentos de baixa, gastos de capital caem abaixo do nível de atividade econômica geral.
De resto, há certo exagero sobre o incremento da capacidade produtiva que estaria evidenciada na alta de 6,25% no investimento. Há muita despesa de construção civil nesse bolo, assim como gastos em máquinas e equipamentos que não são exatamente destinados à produção fabril (embora possam fornecer mais energia, por exemplo). Falta ainda uma análise mais detalhada do mundo real.
Por fim, a combinação de aumento do volume de importações (18%) e da desaceleração do ritmo de exportações (que caiu de 11% em 2005, para 6% em 2006) afetou, sim, a atividade econômica de 2006. Como havia capacidade produtiva ociosa, a produção doméstica e o PIB teriam sido maiores (sem inflação ou qualquer coisa assim) se as importações não tivessem sido facilitadas pelo câmbio, entre outros fatores.
Decerto importações tendem a ter efeitos positivos para a economia (o que, aliás, não tem relação direta com a diferença entre exportações e importações, do que trata o parágrafo anterior). Importações podem equipar a economia com bens de capital mais modernos, o que tende a acarretar aumentos de produtividade. No entanto, é preciso observar a economia real, e não apenas a contabilidade nacional (de onde saem os números do PIB), para saber se isso ocorreu de fato -e em que medida.

São os EUA, não a China
Quando a Bolsa de Xangai chafurdava na terça-feira, o pessoal que estava nas Bolsas de Tóquio e Hong Kong mal tugiu ou mugiu por causa do descabelamento chinês.
Ontem, quarta-feira, Nova York mal se recuperou. As Bolsas asiáticas que não as da China desabaram.
As maiores Bolsas européias ainda iam bem mal das pernas. Ainda respondiam, pois, aos mercados financeiros e a indicadores de atividade industrial e de transações imobiliárias nos EUA. A síndrome chinesa, por ora, passou. O pessoal ficou preocupado mesmo é com as últimas balançadas americanas.


vinit@uol.com.br

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