|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VINICIUS TORRES FREIRE
O pibinho e os mercadões
Investimento foi a melhor notícia de 2006, mas não foi nada excepcional; comércio exterior afetou, sim, o PIB
O PIB veio na medida da mediocridade esperada. O investimento ainda foi a melhor notícia do ano passado, mas nada que
mereça a festa que economistas andam fazendo (investimento: despesas com máquinas, instalações produtivas e construção civil).
O investimento em 2006 cresceu
6,26%, contra 2,86% do pibinho. A
taxa de investimento na economia
deve ter voltado ao entorno dos
21,5% do PIB em que estava nos
anos de 2000 e 2004. Para um país
acostumado a viver entre os desastres e as morosidades dos últimos 25
anos, parece bom.
De resto, não está acontecendo
nada de excepcional com a evolução
do investimento. O investimento extrapola o nível de
crescimento do PIB em ciclos de alta
da produção. Nos momentos de baixa, gastos de capital caem abaixo do
nível de atividade econômica geral.
De resto, há certo exagero sobre o
incremento da capacidade produtiva que estaria evidenciada na alta de
6,25% no investimento. Há muita
despesa de construção civil nesse
bolo, assim como gastos em máquinas e equipamentos que não são
exatamente destinados à produção
fabril (embora possam fornecer
mais energia, por exemplo). Falta
ainda uma análise mais detalhada
do mundo real.
Por fim, a combinação de aumento do volume de importações (18%)
e da desaceleração do ritmo de exportações (que caiu de 11% em 2005,
para 6% em 2006) afetou, sim, a atividade econômica de 2006. Como
havia capacidade produtiva ociosa, a
produção doméstica e o PIB teriam
sido maiores (sem inflação ou qualquer coisa assim) se as importações
não tivessem sido facilitadas pelo
câmbio, entre outros fatores.
Decerto importações tendem a ter
efeitos positivos para a economia (o
que, aliás, não tem relação direta
com a diferença entre exportações e
importações, do que trata o parágrafo anterior). Importações podem
equipar a economia com bens de capital mais modernos, o que tende a
acarretar aumentos de produtividade. No entanto, é preciso observar a
economia real, e não apenas a contabilidade nacional (de onde saem os
números do PIB), para saber se isso
ocorreu de fato -e em que medida.
São os EUA, não a China
Quando a Bolsa de Xangai chafurdava na terça-feira, o pessoal que
estava nas Bolsas de Tóquio e Hong
Kong mal tugiu ou mugiu por causa
do descabelamento chinês.
Ontem, quarta-feira, Nova York
mal se recuperou. As Bolsas asiáticas que não as da China desabaram.
As maiores Bolsas européias ainda
iam bem mal das pernas. Ainda respondiam, pois, aos mercados financeiros e a indicadores de atividade
industrial e de transações imobiliárias nos EUA. A síndrome chinesa,
por ora, passou. O pessoal ficou
preocupado mesmo é com as últimas balançadas americanas.
vinit@uol.com.br
Texto Anterior: Paulo Nogueira Batista Jr.: Um desafio Próximo Texto: Bolsas no Brasil e nos EUA têm melhora Índice
|