São Paulo, domingo, 01 de abril de 2001

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Brasileiro não decidiu ainda como reagir

DA REPORTAGEM LOCAL

A conversa entre Domingo Cavallo e o embaixador Sebastião do Rego Barros, na sexta-feira, foi interpretada como um sinal de que o ministro quer negociar os pontos de divergência mais recentes entre o Brasil e a Argentina.
"Acredito que temos condições de superar prontamente os problemas surgidos esta semana nas relações comerciais entre o Brasil e a Argentina", disse Cavallo a Sebastião do Rego Barros, segundo fontes da embaixada brasileira.
O governo brasileiro ainda não sabe como tratar o problema dos bens de informática. Embora seja uma área prioritária para o país, Brasília acha que a economia argentina se encontra numa situação delicada demais.
O governo não quer deixar a história como está, mas também não quer correr o risco de criar um conflito e expor a Argentina neste momento a mais um problema. O medo é que a crise saia do controle e que seus efeitos cruzem a fronteira e afetem a economia brasileira.
A dificuldade de encontrar um equilíbrio diplomático é ainda maior porque o empresariado diz que não aceita ser rifado para preservar a Argentina. Fabricantes de máquinas, equipamentos e produtos eletrônicos e de informática vão se encontrar amanhã com o secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Roberto Giannetti da Fonseca. A pauta da reunião é a revolta contra os argentinos.
Todos esses temas serão tratados esta semana em Buenos Aires no encontro preparatório de empresários e ministros para as negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). O projeto brasileiro era se unir à Argentina para negociar em posição de força com os EUA.
O que os diplomatas brasileiros não sabem é se esse projeto coincide com os interesses de Cavallo. No lançamento de seu novo livro, na sexta-feira, o ministro fez várias críticas ao modelo do Mercosul. Cavallo classificou de "perda de tempo" as discussões sobre a TEC (Tarifa Externa Comum), estratégia defendida pelo Brasil.
A dúvida dos brasileiros é se Cavallo quer negociar a Alca em conjunto com os sócios do Mercosul ou pretende tratar dos interesses argentinos diretamente com os EUA. Os norte-americanos estão animados. "O papel dele pode ser útil para mover a Alca adiante", disse, na quinta-feira, Robert Zoellick, representante comercial dos EUA.



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