São Paulo, domingo, 01 de abril de 2001

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Protesto nem começou e já fecha McDonald's

DO CONSELHO EDITORIAL

Os protestos contra a Alca nem começaram, mas já fizeram a primeira vítima: um dos dois McDonald's do centro de Québec não abrirá suas portas durante a Cúpula das Américas, na cidade canadense.
É o que antecipa seu dono, Richard Juneau, ao jornal "Le Soleil". O outro restaurante talvez abra, porque deve ficar dentro do perímetro de segurança, eufemismo criado pelas autoridades para designar uma espécie de estado de sítio em áreas de cidades em que se realizam eventos internacionais.
A Cúpula das Américas deverá dar o impulso decisivo à Alca, motivo pelo qual os manifestantes antiglobalização marcaram para Québec mais um dos "dias de ação global", desta vez o A-20 (de abril-20).
Cada vez que há um grande evento internacional há também manifestações contra ele. Geralmente, as lojas do McDonald's são as vítimas preferidas, tomadas como símbolos da globalização: "O grande "M" amarelo faz parte agora do jogo da globalização", diz Juneau.
Mas nem Québec nem o "M" amarelo são os únicos alvos das manifestações. Estão previstos atos em pelo menos 30 cidades, de Albuquerque (Novo México, EUA) a Winnipeg (Canadá), passando por São Paulo.
Sob o slogan comum "Fechar a Alca", os manifestantes farão uma primeira demonstração de força em Buenos Aires, entre os dias 5 e 7 de abril, quando a capital argentina recebe primeiro os negociadores da Alca e, em seguida, os ministros de Comércio e Relações Exteriores dos 34 países da Alca.
"Esse evento é crucial porque é nele que serão preenchidos os espaços em branco no papel que os presidente assinarão 15 dias depois, na Cúpula das Américas", diz o texto dos manifestantes, cujo endereço eletrônico é www.a20.org.
A organização não-governamental "Global Exchange", uma das que convocam os protestos, explica o motivo principal: "A Alca é essencialmente uma expansão do Nafta (Acordo de Livre Comércio Norte-Americano, que reúne EUA, Canadá e México). Mas o Nafta provou ser um pesadelo para as famílias de trabalhadores e para o meio ambiente".
Mas nem tudo são protestos. O governo canadense abriu um processo amplo de consultas com a sociedade civil.
"Até o momento, mais de mil organizações da sociedade civil das Américas expressaram seus pontos de vista ou fizeram comentários sobre os temas propostos para a Cúpula das Américas", informam os anfitriões. (CR)



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