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Bancos ganham bem mais que empresas
Receita bruta do setor financeiro aumenta 41% nos últimos dois anos, contra 6,4% das companhias do setor produtivo
"Spreads" ainda elevados
aplicados pelos bancos
impedem crescimento
maior de operações de
crédito e do próprio PIB
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da tendência de crescimento no faturamento apontada no balanço das 43,3 mil
empresas analisadas pela Serasa, são os bancos quem têm registrado aumentos bem maiores nos ganhos com a intermediação financeira (o "faturamento" do setor financeiro).
Segundo os dados da Serasa,
entre 2004 e 2006, as 43,3 mil
empresas aumentaram o faturamento em 6,4%. Já a receita
bruta (o faturamento com intermediações) dos 50 maiores
bancos do país subiu 41% no
mesmo período, segundo cálculos do Inepad.
O resultado dos bancos é
muito melhor por conta dos
"spreads" altos. O "spread" é a
diferença entre o que o banco
paga para captar dinheiro e a
quanto ele empresta esse mesmo recurso a terceiros.
Hoje, o total de crédito concedido pelos bancos em toda a
economia é muito baixo na
comparação com outros países.
Equivale a aproximadamente
32% do PIB.
Se os "spreads" fossem bem
menores, certamente o "custo"
do dinheiro seria mais baixo e
haveria mais crédito impulsionando as vendas de geladeiras,
automóveis e imóveis.
"A expansão do crédito vem
ganhando força nos últimos
anos, mas continua muito lenta
na comparação com outros países", afirma Amador Rodriguez, da Serasa.
Marcel de Marco, do Inepad,
acredita que apenas no longo
prazo os bancos vão acabar "entrando na mesma curva do resto da economia", baixando os
"spreads" e permitindo a ampliação do crédito.
Na semana passada, pesquisa
do Banco Central revelou que
os bancos continuam mantendo os "spreads" elevados apesar
da contínua queda do custo de
captação de dinheiro.
Ou seja, a queda no custo dos
empréstimos nos últimos meses teria sido maior se os bancos tivessem repassado totalmente aos tomadores e devedores o alívio proporcionado
pela queda da Selic (a taxa básica de juros do país).
Entre setembro de 2005 e fevereiro passado, a Selic caiu de
19,75% ao ano para 13% (-6,75
pontos percentuais). No mesmo período, o "spread" passou
de 29,4% para 27,6% (-1,8 p.p.).
Os bancos afirmam que a Selic não guarda relação com os
"spreads", que seriam determinados por outros custos de captação de dinheiro e pelos riscos
de inadimplência nas operações de crédito.
Representantes da indústria
afirmam que a redução dos juros ainda não chegou ao setor
exatamente por conta da manutenção de "spreads" elevados. "A carga tributária alta, o
"spread" bancário e, principalmente, o câmbio desfavorável
continuam dificultando a vida
da indústria", afirma José Ricardo Roriz Coelho, diretor titular do Departamento de
Competitividade da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Ao avaliar o levantamento
feito pela Serasa, ele afirma
que, apesar do maior vigor das
empresas, o Brasil poderia
aproveitar melhor o crescimento da economia mundial.
"O problema não é que não
estamos crescendo. É que estamos crescendo muito menos
do que os concorrentes, como
China, Índia e Rússia."
(MP e FCZ)
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