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análise
Líderes terão 17 minutos para salvar o mundo
DO ENVIADO ESPECIAL A LONDRES
Os líderes que participam,
a partir de hoje, da Cúpula de
Londres, seu nome oficial,
terão em torno de 17 minutos
cada um para dizer como salvar o mundo de sua crise
mais grave em 50, 60 ou 70
anos, dependendo de qual é o
parâmetro de comparação
que se use.
Chega-se aos 17 minutos
da seguinte maneira: a cúpula propriamente dita terá oito horas e 40 minutos de duração, somados o café da manhã que a inaugura, o almoço
que separa uma sessão de
trabalho da outra e os debates propriamente ditos.
Não contam a recepção
que a rainha Elizabeth 2ª
oferece hoje ao anoitecer no
Palácio de Buckingham nem
o subsequente jantar de praxe, no número 10 de Downing Street, residência e local
de trabalho do anfitrião, o
primeiro-ministro Gordon
Brown.
Como são 30 as personalidades que participarão do
encontro, ficam, portanto,
mais ou menos 17 minutos
para cada um, se houver
uma distribuição igualitária
do tempo.
É pouco? Sim, se alguém
imagina que as discussões de
cúpulas, quaisquer que sejam, são trabalho exclusivo
dos chefes de governo. Não é
assim.
Elas são exaustivamente
preparadas pelo que o jargão
diplomático chama de "sherpas", em alusão aos guias do
Himalaia, que carregam o
equipamento e mapeiam o
caminho para que os alpinistas finquem a bandeira no pico -ou, no caso, para que os
governantes assinem o texto
final.
Cinco meses
Para a cúpula de Londres,
há, na verdade, dois "sherpas" principais. Um é o vice-ministro das Finanças de cada país (no caso do Brasil, o
embaixador Marcos Galvão,
assessor internacional da
Fazenda).
O outro é designado pela
Presidência ou pela Chancelaria de cada nação envolvida
(o do Brasil é outro embaixador, Pedro Luís Carneiro de
Mendonça).
Os "sherpas" estão trabalhando desde a cúpula de
Washington, que aconteceu
em novembro passado. Ou
seja, há praticamente cinco
meses discutem a alentada e
complexa agenda de salvação
do planeta.
Às vezes, reúnem-se ao vivo. Às vezes, trocam e-mails.
É natural, por esse mecanismo, que acabe vazando o teor
do documento final, como
aconteceu no domingo pelo
jornal britânico "Financial
Times" -o conteúdo foi resumido nas edições de anteontem e ontem da Folha
(leia mais no texto acima).
A ideia, em qualquer cúpula, é chegar a ela com o texto
definitivo pronto e previamente aprovado. Mas é óbvio que os governantes podem, sempre, fazer alterações de última hora, além
dos discursos em que marcam uma posição política, já
que, neste caso, o texto final
é de caráter predominantemente técnico.
(CR)
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