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Obama libera exploração de petróleo em alto-mar
Plano do presidente provocou críticas de ambientalistas, democratas e até republicanos
Casa Branca cedeu ao lobby do petróleo visando apoio para a lei sobre mudança climática, a ser avaliada pelo Congresso nos próximos dias
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou ontem
um polêmico plano energético
que pretende abrir áreas da
costa do Atlântico, do norte do
Alasca e do leste do golfo do
México para exploração de petróleo e gás natural em águas
profundas. A decisão, que contraria declarações do presidente no início de sua campanha à
Casa Branca, despertou críticas
de ambientalistas, democratas
e até republicanos.
Se for adiante, o plano derrubará uma moratória de décadas
à exploração petrolífera nas
águas que vão do norte de Delaware ao centro da Flórida, na
região Atlântico Sul dos EUA.
"Não foi uma decisão fácil", disse Obama ontem. "Mas, com
nossas necessidades de energéticas, precisaremos explorar
fontes tradicionais de combustível enquanto aumentamos a
produção de novas fontes domésticas de energia renovável."
Oponentes da exploração
afirmam que as reservas nas
costas americanas são pequenas demais para compensar
possíveis danos ambientais
-segundo o governo, o país
tem 2% das reservas mundiais
e consume 20% delas.
Mas a Casa Branca acabou
cedendo à pressão da indústria
do petróleo e de políticos a ela
ligados, em parte porque calcula que assim obterá apoio para
uma lei sobre mudança climática a ser avaliada pelo Congresso nas próximas semanas. De
olho no tema, o governo também fez concessões a respeito
da energia nuclear e carvão.
Além da troca política, Washington quer diminuir importação de petróleo e gerar receita a partir da venda de concessões para exploração.
O Departamento do Interior
dos EUA estima que as novas
áreas de exploração têm reservas suficientes para mais de 23
anos do consumo de gás natural e 15 anos do consumo de petróleo. Apenas o leste do golfo
do México, a região mais rica do
plano, teria estimados 3,5 bilhões de barris de petróleo.
As concessões deverão ser
disputadas pelas petrolíferas
Exxon Mobil, BP e Shell; mas a
exploração para valer ainda levará anos até começar.
O plano divulgado ontem é
bem próximo de propostas fracassadas do governo anterior,
mas difere por manter protegida a região de Bristol Bay, no
Alasca, com áreas pesqueiras.
A proposta já encontra dura
oposição. "Estamos horrorizados pelo lançamento desse ataque aos oceanos pelo presidente", disse Jacqueline Savitz, do
grupo ambientalista Oceana.
Vários democratas afirmaram que lutarão contra o plano.
Já para líderes republicanos, o
governo foi modesto demais.
O presidente foi acusado ainda de mudar de posição. Enquanto ainda disputava a Presidência, em 2008, Obama se disse inicialmente contra a exploração em águas profundas. Em
meados daquele ano, começou
a afirmar que poderia ceder na
questão, desde que a exploração fizesse parte de estratégia
mais ampla para reduzir gastos
com energia.
"Não há nada de novo", disse
ontem um porta-voz da Casa
Branca. "O que o presidente
disse [na campanha] é que não
há solução única para diminuir
a dependência de petróleo estrangeiro."
Obama ainda deverá enfrentar problemas com os governos
dos Estados próximos às áreas
de exploração, que temem riscos ambientais e deverão exigir
parte da renda a ser obtida.
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