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NOVO DEGRAU / CONTEXTO
Status chega em momento de descrédito das agências
Suspeitas vieram após fracasso em não prever hipotecas de alto risco nos EUA
Falha pode levar economia americana à recessão; mercado internacional estuda impor novas regras para atuação das agências
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
O aguardado status de grau
de investimento conferido ontem pela Standard & Poor's ao
Brasil foi anunciado num momento em que há grandes dúvidas no mercado internacional
sobre as opiniões das chamadas
agências de classificação de risco. O descrédito no papel das
agências ganhou corpo depois
que elas não conseguiram prever os enormes volumes de créditos duvidosos derivados das
chamadas hipotecas de alto risco ("subprime") nas mãos dos
bancos. A crise no mercado de
títulos imobiliários nos Estados Unidos arrastou a maior
economia do mundo para o risco de recessão.
A SEC, equivalente à Comissão de Valores Mobiliários brasileira -xerife do mercado de
capitais dos EUA-, anunciou
recentemente que pode adotar
novas regras para disciplinar a
operação das agências de risco
e tentar, assim, evitar avaliações contaminadas. A idéia é limitar os conflitos de interesse,
quando uma agência, mesmo
participando de trabalhos de
consultoria para emissão de papéis de empresas no mercado,
também determina um nota
para esses títulos quando eles
circulam como ativos.
Para o Prêmio Nobel de Economia Edmund Phelps, devem
ser criadas, em todo o mundo,
agências de classificação de risco focadas na avaliação de novos mecanismos de dívida criadas no mercado financeiro
mundial. As dúvidas internacionais sobre as avaliações referentes ao Brasil não foram
muito consideradas ontem.
A Bolsa paulista subiu forte
(6,33% ao final do pregão) depois de anunciada a reclassificação do país ao nível de grau
de investimento.
Promoção tardia
"Acho que essa foi a prova
mais clara de que o investimento não duvidou da nota que a
S&P conferiu ao Brasil", disse
Marcelo Giufrida, vice-presidente da Anbid (Associação
Nacional dos Bancos de Investimento).
Para o economista Raul Velloso, especialista em contas
públicas, as agências de avaliação de risco de fato tiveram a
credibilidade afetada, mas especificamente na capacidade
de determinar riscos para avaliar papéis do sistema bancário.
"Uma coisa é entrar num banco
e avaliar os papéis, os créditos
de uma instituição financeira.
Outra, bem diferente, é avaliar
o risco soberano de um país",
distinguiu o economista.
Nesse quesito, Velloso não
crê que as notas atribuídas à capacidade de pagamento do Brasil possam estar equivocadas.
Ele acha que os fundamentos
da economia brasileira, fora a
questão fiscal, estão bem sólidos. "Penso que a S&P atribuiu
o grau de investimento mesmo
diante da situação fiscal brasileira por que há uma avaliação
de que o país está em condições
de honrar os compromissos ante os grandes volumes de investimentos externos que está recebendo", avalia.
Para Luiz Gonzaga de Mello
Belluzzo, professor, economista e colunista da Folha, o furo
das agências de classificação de
risco ocorreu na avaliação dos
bancos, e não nas ponderações
sobre a capacidade de pagamento dos países. Belluzzo
acha que veio tarde a promoção
do Brasil ao grupo dos países
com baixo risco de crédito.
"Demoraram para reconhecer
a gestão macroeconômica
competente do Brasil. Já deveria ter sido reconhecida."
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