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São Paulo, domingo, 01 de junho de 2003

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Exportação dá e tira fôlego das fábricas

DA REPORTAGEM LOCAL

As exportações e a substituição de importações são apontadas por empresários e economistas como as principais responsáveis pelo fato de alguns setores da indústria estarem operando no limite da capacidade de produção.
"As vendas externas mexeram com a cadeia produtiva de vários setores da indústria. Se o Brasil está exportando mais roupas, por exemplo, as fábricas de tecidos, linhas e botões também tiveram de aumentar a produção", afirma Boris Tabacof, vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e presidente do conselho de administração da Cia. Suzano, fabricante de celulose e papel.
A alta do dólar, diz, também levou muitas empresas a desenvolver no país matérias-primas e produtos que costumavam comprar no mercado externo. "A taxa de câmbio ficou tão alta que tornou praticamente proibitiva a importação de alguns produtos. A indústria nacional ocupou esse espaço", afirma Tabacof.

Sustentação
Nos primeiros quatro meses deste ano, as exportações cresceram 25,6% na comparação com igual período do ano passado, de US$ 16,5 bilhões para US$ 27,5 bilhões. "As exportações sustentam a atividade da indústria, já que o mercado interno está desaquecido", afirma José Augusto de Castro, diretor da AEB, associação que reúne os exportadores.
Segundo ele, as exportações, que representam cerca de 9% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país) brasileiro, cresceram por causa de uma demanda internacional artificial, provocada pela guerra entre os Estados Unidos e o Iraque, e pelo acordo do setor automotivo firmado entre Brasil e México, que entrou em vigor neste ano.
A China, diz, também está comprando mais aço do Brasil. "O fato é que, por enquanto, as indústrias estão sem alternativa. Mesmo que o dólar caia, muitas empresas vão exportar por falta de opção." Uma taxa de câmbio ao redor de R$ 2,80 ainda estimula as vendas externas das grandes empresas.

Esforço
Clarice Messer, diretora do departamento de economia da Fiesp, afirma que houve esforço das empresas para vender seus produtos no mercado externo, o que puxou o ritmo de produção de alguns setores da indústria.
"O consumo no mercado interno continua fraquíssimo, o que levou as empresas a buscar clientes lá fora. Por enquanto, não vemos sinais de que a situação no país possa melhorar no segundo semestre."

Preocupação
Mariano Laplane, professor do Instituto de Economia da Unicamp, lembra que até mesmo o crescimento das exportações tem limite -esbarra no limite da capacidade produtiva das fábricas. "Isso preocupa. O governo tem sido cauteloso, não tem compromisso com datas para reduzir os juros. Os empresários vão investir quando enxergarem perspectiva de crescimento de quatro a cinco anos para o país."
Os empresários, diz ele, também querem que o governo estabeleça uma política de crescimento para os exportadores, como linhas de financiamento mais em conta. "É preciso que as exportações cresçam para que o país tenha um maior superávit comercial", afirma Laplane. (FF)


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