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São Paulo, domingo, 01 de junho de 2003

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SOCIEDADE

Infra-estrutura teria prioridade

Governo quer parceria com fundos de pensão

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo começou a tocar na semana passada um plano para utilizar parte dos recursos dos grandes fundos de pensão do país em projetos escolhidos pelo Palácio do Planalto. Os setores preferenciais serão os de infra-estrutura, como energia elétrica, saneamento básico e habitação.
O PT tem nas mãos o controle direto dos três maiores fundos de pensão do país, responsáveis pela gestão de R$ 71,7 bilhões. Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Petros (petroleiros) e Funcef (Caixa Econômica Federal) administram o equivalente a 67,85% do capital das dez maiores fundações brasileiras, que soma R$ 105,67 bilhões.
O primeiro passo na estratégia do governo, que tem como grande mentor o ministro Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica), é propagar na opinião pública a idéia de que os fundos de pensão não podem ser administrados somente para gerar mais benefícios para seus associados.
O ministro do Planejamento, Guido Mantega, tem defendido que os fundos de pensão tenham maior participação nos projetos de desenvolvimento sustentado do país. Ou seja, nas áreas de infra-estrutura.
Com o respaldo do governo, Previ, Petros e Funcef organizaram na semana passada o Primeiro Seminário Internacional de Fundos de Pensão, do qual participaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu assessor especial Oded Grajew, o ministro Mantega e o diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Augusto Candiota, entre outras autoridades.
Em seu discurso, Lula foi claro sobre os planos do governo para os fundos de pensão. Ressaltou que os fundos têm de ser bem administrados, que não podem "investir para perder", mas que, quanto mais ganharem, mais "influência" poderão ter "em algumas decisões no nosso país".
"Foi o caso das privatizações brasileiras. Obviamente que, se perguntado na época, eu não teria dúvida em dizer que era contra que os fundos [de pensão] entrassem para comprar ativos públicos brasileiros. Entretanto muitas das intervenções dos fundos em empresas [estatais] deram resultados. E nós assistimos hoje algumas empresas bem-sucedidas com a participação dos fundos de pensão importantes no Brasil", disse o presidente.
Normalmente, os congressos sobre fundos de pensão no país são organizados pela Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada). No Primeiro Seminário Internacional, o presidente da entidade, Fernando Pimentel, participou como convidado.
Os nomes dos presidentes dos três maiores fundos de pensão foram submetidos ao crivo do Palácio do Planalto. O bancário Sérgio Rosa, depois de ter sido eleito pelos funcionários do BB como diretor da Previ, foi indicado para assumir a presidência da fundação. Rosa é filiado ao PT e foi vereador em São Paulo pelo partido.
Presidente da Petros, Wagner Pinheiro é ligado ao PT desde a fundação do partido, no começo da década de 80. O economista Guilherme de Lacerda é filiado ao PT desde 1983. Preside a Funcef. Na página mantida pelo fundo da CEF na internet, fez várias referências a seu trabalho no partido, como tendo atuado "ativamente" na campanha de Lula nos anos de 1989 e de 1994.


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