São Paulo, sexta-feira, 01 de junho de 2007

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Dólar volta ao nível de novembro de 2000

Investidores que apostam na baixa da moeda "ganharam" disputa em maio; BC restringe sua atuação ao mercado à vista

Mantega afirma que valorização do real se deve a interesse de empresas e aplicadores em trazer divisa americana para o país


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Conhecidos como "vendidos", os investidores que apostaram na forte baixa do dólar tiveram um de seus maiores lucros em maio, mês em que a moeda americana perdeu 5,5% de seu valor e desabou para R$ 1,925, o menor valor desde 1º de novembro de 2000.
Maio foi também o mês em que o Banco Central perdeu a queda-de-braço com o mercado e desistiu de segurar a derrocada do dólar. A autoridade monetária praticamente restringiu suas atuações ao mercado à vista. Até abril, ainda tentava apagar a sede do mercado por meio de títulos que trocam a variação cambial por juros.
Para o ministro Guido Mantega (Fazenda), a valorização do real é conseqüência do interesse de empresas e investidores em trazer dólares para o país. Em maio, o real subiu 5,06%. Mantega associou o movimento de ontem à expectativa de obtenção do grau de investimento e a uma operação da Arcelor Mittal. A siderúrgica, relatou o ministro, está trazendo ao país entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões para pagar aos acionistas.
Ontem, mais uma vez o BC entrou no mercado à vista para tentar impedir uma maior queda do dólar. Estima-se que o BC tenha comprado perto de US$ 1,8 bilhão. O objetivo era evitar que os "vendidos" faturassem ainda mais na BM&F. Isso porque nos últimos dias do mês os operadores do mercado futuro costumam atuar com força no câmbio à vista para influenciar a taxa média que serve para liquidar os contratos na BM&F. Calculada pelo BC, essa média ficou ontem em R$ 1,9289 -quanto mais baixa, mais eles ganhavam.
"Mais uma vez os vendidos venceram. Vamos ver agora como será em junho. Se o BC não baixar mais os juros, eles levarão o dólar para baixo de R$ 1,90", disse Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO.
"Após a atuação dos vendidos, o dólar pode subir para um patamar mais razoável. Mas a tendência de baixa continua", disse Jason Vieira, economista da Máxima/UpTrend.

Bolsa
Com dois "upgrades" na avaliação do Brasil, a Bovespa subiu 6,77% e teve um mês de recordes. Ontem, porém, caiu 0,49% e voltou a 52.269 pontos.
Para Flavio Serrano, economista da López Leon, as perspectivas continuam boas para junho. Ele não descarta, porém, momentos de baixa e considera arriscado para investidores fora da Bolsa entrar no mercado agora. "O risco menor eleva o valor das ações brasileiras, mas há espaço para valorizações na Bovespa", disse Serrano.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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