São Paulo, sexta-feira, 01 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mesmo com real forte, indústria não terá cenário "dramático", diz instituto

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem mudanças previstas na política monetária, o dólar deve chegar em dezembro próximo a R$ 1,80, segundo previsão de Paulo Rabello de Castro, diretor-presidente da RC Consultores. A moeda fechou ontem cotada a R$ 1,925 -menor valor desde novembro de 2000.
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), se esse cenário se confirmar, não ocorrerá nada "dramático" no setor industrial a médio e curto prazos.
"A indústria brasileira vem a médio e a longo prazos se adaptando [à valorização do real]. Muitas importam mais [insumos], outras encerram suas atividades, caso das empresas calçadistas, e outras ainda transferem sua produção para o exterior. Com os diversos planos econômicos e as oscilações macroeconômicas muito violentas, o empresário brasileiro, mais do que qualquer outro, aprendeu a se adaptar", afirma Josué Gomes da Silva, presidente do instituto.
O impacto dessa taxa de câmbio na indústria será sentido, segundo o empresário, a longo prazo. "Na medida em que as decisões de investimento são feitas a longo prazo, as indústrias podem deslocar empregos para fora do país. Vários setores estão investindo no exterior, isso sim é preocupante", diz.
A projeção da RC -de que o dólar deve chegar no final deste ano a R$ 1,80- leva em consideração que não haverá mudanças bruscas no cenário externo (que possam afetar o risco país) nem aumento no volume de reservas cambiais. Para a RC, o cenário mais "desejável" é que o dólar chegue, em dezembro, cotado a R$ 2,07.
"Se o governo tivesse uma posição mais agressiva, com uma redução de juros [taxa Selic] mais acentuada, para 6,5% ao ano, se poderia chegar a uma cotação mais desejável", diz Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.
Para o Iedi, a taxa de câmbio está "desequilibrada", mas o instituto não fez previsões para a cotação mais adequada. "Não dá para fixar um valor, mas podemos afirmar que há um desequilíbrio, uma vez que os juros estão fora do lugar. Quem deve definir esse número é o BC", diz Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi. Apesar de não fazer projeções para 2007, o Iedi estimou que, em 2006, a cotação do dólar estava cerca de 9% distante do que deveria no último trimestre -foi de R$ 2,15, quando na estimativa do Iedi deveria ser de R$ 2,37, segundo simulações de econometria.


Texto Anterior: Bolsa lidera as aplicações pelo 3º mês seguido
Próximo Texto: Confiança de empresário tem leve recuo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.