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Mesmo com real forte, indústria não terá cenário "dramático", diz instituto
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem mudanças previstas na
política monetária, o dólar deve
chegar em dezembro próximo a
R$ 1,80, segundo previsão de
Paulo Rabello de Castro, diretor-presidente da RC Consultores. A moeda fechou ontem
cotada a R$ 1,925 -menor valor desde novembro de 2000.
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), se esse cenário se
confirmar, não ocorrerá nada
"dramático" no setor industrial
a médio e curto prazos.
"A indústria brasileira vem a
médio e a longo prazos se adaptando [à valorização do real].
Muitas importam mais [insumos], outras encerram suas atividades, caso das empresas calçadistas, e outras ainda transferem sua produção para o exterior. Com os diversos planos
econômicos e as oscilações macroeconômicas muito violentas, o empresário brasileiro,
mais do que qualquer outro,
aprendeu a se adaptar", afirma
Josué Gomes da Silva, presidente do instituto.
O impacto dessa taxa de câmbio na indústria será sentido,
segundo o empresário, a longo
prazo. "Na medida em que as
decisões de investimento são
feitas a longo prazo, as indústrias podem deslocar empregos
para fora do país. Vários setores
estão investindo no exterior, isso sim é preocupante", diz.
A projeção da RC -de que o
dólar deve chegar no final deste
ano a R$ 1,80- leva em consideração que não haverá mudanças bruscas no cenário externo (que possam afetar o risco país) nem aumento no volume de reservas cambiais. Para a
RC, o cenário mais "desejável"
é que o dólar chegue, em dezembro, cotado a R$ 2,07.
"Se o governo tivesse uma
posição mais agressiva, com
uma redução de juros [taxa Selic] mais acentuada, para 6,5%
ao ano, se poderia chegar a uma
cotação mais desejável", diz Fabio Silveira, sócio-diretor da
RC Consultores.
Para o Iedi, a taxa de câmbio
está "desequilibrada", mas o
instituto não fez previsões para
a cotação mais adequada. "Não
dá para fixar um valor, mas podemos afirmar que há um desequilíbrio, uma vez que os juros
estão fora do lugar. Quem deve
definir esse número é o BC", diz
Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi. Apesar de não fazer projeções para 2007, o Iedi
estimou que, em 2006, a cotação do dólar estava cerca de 9%
distante do que deveria no último trimestre -foi de R$ 2,15,
quando na estimativa do Iedi
deveria ser de R$ 2,37, segundo
simulações de econometria.
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