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Indústria ajusta estoques e começa a retomar fôlego
Nível de utilização da capacidade e vendas do setor crescem no Estado de SP
Confiança no mercado interno, no entanto, é limitada pela incerteza sobre o exterior; Fiesp prevê queda de 35% nas exportações
DEISE OLIVEIRA
YGOR SALLES
DA FOLHA ONLINE
A indústria brasileira deu sinais de recuperação em maio,
mas ainda vive cenário de incertezas devido ao mercado externo. Duas pesquisas divulgadas ontem, pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo) e pela FGV (Fundação Getulio Vargas), tanto mostram melhora em dados reais
-como uso da capacidade instalada e vendas- quanto indicam que o baixo nível das exportações segue limitando a recuperação do setor.
A atividade da indústria paulista teve alta de 0,9% em maio
ante abril, segundo a Fiesp, já
com o ajuste sazonal. Na comparação com maio do ano passado, porém, ainda há queda (-9,3%), mesmo cenário do acumulado em 12 meses (-12,5%).
"Há uma clara mudança de
patamar. Houve uma forte queda desde o fim do ano passado,
e agora ocorre um crescimento,
embora modesto em comparação ao que já caiu", afirma Paulo Francini, diretor do Depecon
(Departamento de Pesquisas
Econômicas) da Fiesp.
O indicador que mede o uso
de máquinas e equipamentos
das indústrias ficou em 80,4%
em maio, ante 78,9% em abril.
As vendas reais da indústria subiram 7% mês a mês e 1,7% ante
maio de 2008. Segundo a FGV,
a parcela de empresas que
apontam estar com estoques
insuficientes cresceu de 3,3%
em maio para 5,9% em junho.
Na mesma esteira de melhora da demanda, as horas trabalhadas na produção subiram
3,8% na comparação com abril
-por outro lado, o total de salários pagos caiu 1,7%.
Coordenador do Núcleo de
Pesquisas e Análises Econômicas da FGV, Aloísio Campelo
Junior afirma que, com o reforço da demanda interna, o passo
seguinte será em direção ao aumento do ritmo de produção.
"O ciclo de ajuste de estoques
terminou. Na média da indústria, a tendência agora é de estabilização. Dado o estímulo de
natureza fiscal, houve efeito
menor sobre a atividade da indústria, porque havia estoque.
A tendência agora é que o desempenho ganhe força. A indústria terá de produzir."
Mercado externo
A confiança no mercado interno, no entanto, é limitada
pelo cenário de incerteza no exterior. Assim, apesar da aceleração em curso na produção,
ainda há incertezas quanto a
investimentos e empregos.
Se, em junho, a demanda interna ficou em 95,3 pontos, acima da média histórica de 92,5, a
demanda externa ficou em 73,3
pontos, 17,3 abaixo da média,
de acordo com cálculos da FGV.
Segundo a Fiesp, a exportação brasileira de manufaturados deve encolher 35% em
2009. O dado, se confirmado,
será determinante para queda
de ao menos 7,5% na produção
industrial. Para a entidade, as
vendas externas de industrializados devem somar US$ 77,9
bilhões neste ano, US$ 41,9 bilhões a menos que em 2008.
Essa queda, sozinha, responderia por uma retração de 5,5%
na produção industrial, sendo
elevada a 8,8% devido aos efeitos indiretos dos produtos exportados na cadeia produtiva.
Graças ao desempenho positivo do mercado interno, porém,
a queda da produção industrial
projetada para 2009 é de 7,5%
Paulo Francini, da Fiesp, diz
que o desempenho das exportações brasileiras será especialmente ruim porque as vendas
são feitas principalmente para
locais onde a crise global teve
impacto mais forte, como EUA,
Europa e América Latina.
Segundo a Fiesp, apesar de o
mercado interno aliviar, a menor concessão de crédito e a redução da massa salarial apontam para um efeito mais modesto das vendas internas no
resultado final da produção.
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