|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Aperto fiscal atinge recorde histórico de R$ 40 bi no 1º semestre, R$ 5,5 bi a mais que o acordado com o FMI
Governo economiza 3 Fome Zero a mais do que o necessário
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aperto fiscal promovido nos
seis primeiros meses do governo
Lula resultou num superávit primário (receitas menos despesas,
exceto gastos com juros) de R$ 40
bilhões, o maior já registrado no
primeiro semestre desde que o
Banco Central passou a calcular
essa estatística com a atual metodologia, em 1991.
A economia feita pelo setor público (União, Estados, municípios
e estatais) superou em R$ 5,5 bilhões a meta fixada pelo acordo
com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Isso significa que o
governo poderia ter gastado o
equivalente a três vezes o valor
previsto no Orçamento deste ano
para o Fome Zero (R$ 1,8 bilhão)
e, ainda assim, as exigências do
Fundo seriam atendidas.
"Esse resultado está em linha
com o previsto. Não é objetivo do
governo exceder muito a meta,
mas não dá para acertar exatamente no alvo", diz o chefe do Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes.
Os números deste ano repetem
o que já vinha ocorrendo desde
1998, quando o Brasil fechou o
primeiro de uma série de acordos
com o FMI, ainda durante o governo FHC (1995-2002). Em 2000,
por exemplo, o superávit primário acumulado no primeiro trimestre superou em R$ 7,5 bilhões
a meta de R$ 17,2 bilhões fixada
pelo Fundo.
O governo -tanto o atual
quanto seu antecessor- diz que é
normal ocorrer uma certa folga
na meta no primeiro semestre para compensar o aumento de gastos que costuma ocorrer no final
do ano. As despesas com pagamento de 13º salário do funcionalismo público, por exemplo, costumam pressionar as contas de
dezembro.
Aumento nos gastos
Apesar do ajuste fiscal recorde
no primeiro semestre, o resultado
do mês passado registrou forte
queda, puxado pelo aumento de
gastos do governo federal. Em junho, o Tesouro Nacional registrou um superávit de R$ 2,7 bilhões (2,21% do PIB). Entre janeiro e maio, a economia mensal média para o pagamento de juros havia ficado em R$ 7,2 bilhões.
"Houve uma elevação nas despesas, já que muitos gastos não
estavam sendo executados no início do ano por se tratar de um
momento de transição [de governo]", afirma Lopes.
Ele reconhece que "o gasto a
mais do governo traz benefícios
para a economia", mas afirma
que "não dá para saber se isso [o
aumento nas despesas] vai se repetir [nos próximos meses]".
De maneira simplificada, pode-se dizer que o crescimento da economia depende de quatro fatores:
gastos do governo, investimentos
da empresas, consumo das famílias e exportações.
Sob esse ponto de vista, quanto
maior o superávit primário do setor público -ou seja, quanto menores os seus gastos-, maior é o
seu efeito recessivo sobre a economia. Por outro lado, ele é necessário para o equilíbrio das contas do
governo, já que dinheiro acumulado por meio do ajuste fiscal é
usado, em sua totalidade, no pagamento de juros da dívida pública. Além disso, ajuda no cumprimento das metas com o FMI.
O objetivo da equipe econômica
é fazer com que, juntos, União,
Estados, municípios e estatais
acumulem um superávit equivalente a 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto) ou R$ 68 bilhões. No
primeiro semestre, essa proporção já chegou a 5,41%.
Texto Anterior: Receita ortodoxa: Despesa com juros aumenta no governo Lula Próximo Texto: Resultado em junho preocupa Índice
|