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PESQUISA
Sondagem aponta que 27% das empresas esperam deterioração nos negócios
Empresariado vê piora no cenário
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Passado o otimismo dos primeiros meses do ano, o empresariado
prevê a piora dos negócios, uma
demanda mais fraca, uma produção menor e um nível de estoques
mais alto. Todos os dados, apurados pela Sondagem Conjuntural
da Indústria de Transformação,
da FGV (Fundação Getúlio Vargas), indicam um desapontamento com o governo Lula.
Das 1.190 empresas pesquisadas, cujo faturamento (R$ 307,3
bilhões) corresponde a quase um
quarto do PIB, 27% afirmam que
as coisas vão piorar nos próximos
seis meses. Em abril, eram apenas
13%.
Sobre a situação atual (em junho) dos negócios, 49% a consideram fraca. É a maior marca desde a inclusão da pergunta na sondagem, em abril de 1995. Em abril
de 2003, só 22% julgavam a situação ruim.
"Há um desapontamento do industrial com a demora do governo em adotar medidas para recuperar a demanda e a oferta de crédito, como a redução dos juros",
afirmou Aloisio Campelo, economista da FGV.
Ele se disse surpreso com os resultados: "Normalmente, os empresários são mais otimistas. Parece que há um certo desânimo".
Esse desânimo, afirmou, se contrapõe ao otimismo dos primeiros meses do governo Lula, quando todos esperavam uma orientação mais "desenvolvimentista",
que alavancaria a produção.
A pesquisa revela ainda que as
empresas estão com o estoque
mais alto: 22% dizem que ele está
excessivo, contra 12% de abril. O
dado, disse Campelo, mostra que
a recuperação da produção da indústria deve demorar, pois os empresários precisam, primeiro,
queimar o que está estocado.
A sondagem aponta também
que as empresas, embaladas pelas
recentes deflações dos índices de
preço, pela menor demanda e pelos altos estoques, estimam reduzir o preço dos produtos.
Segundo a pesquisa, 26% delas
baixarão os preços neste trimestre. Trata-se da maior intenção de
recuo de preços desde abril de
1990, logo após o confisco da poupança no governo Fernando Collor. Em abril de 2003, 9% pensavam em promover reduções.
A demanda, revela o levantamento, também está mais fraca
-41% apontaram uma piora, ante 20% de abril. É o pior resultado
entre os que identificaram a demanda como fraca desde junho
de 1995. Em relação à produção
prevista para o trimestre, mais
empresários acreditam numa
queda: 15% em junho, contra 11%
em abril.
Economia real
Apesar do pessimismo, o lado
real não está tão ruim, disse Campelo. Foram as expectativas que se
deterioraram de forma mais intensa, afirmou. É que a utilização
da capacidade instalada aumentou de 79% em junho de 2002 para 81% em junho de 2003.
De acordo com ele, a produção
do setor tem crescido ainda que
pouco e o aumento do uso da capacidade sinaliza que o país não
vive um período de recessão.
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