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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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PESQUISA

Sondagem aponta que 27% das empresas esperam deterioração nos negócios

Empresariado vê piora no cenário

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Passado o otimismo dos primeiros meses do ano, o empresariado prevê a piora dos negócios, uma demanda mais fraca, uma produção menor e um nível de estoques mais alto. Todos os dados, apurados pela Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), indicam um desapontamento com o governo Lula.
Das 1.190 empresas pesquisadas, cujo faturamento (R$ 307,3 bilhões) corresponde a quase um quarto do PIB, 27% afirmam que as coisas vão piorar nos próximos seis meses. Em abril, eram apenas 13%.
Sobre a situação atual (em junho) dos negócios, 49% a consideram fraca. É a maior marca desde a inclusão da pergunta na sondagem, em abril de 1995. Em abril de 2003, só 22% julgavam a situação ruim.
"Há um desapontamento do industrial com a demora do governo em adotar medidas para recuperar a demanda e a oferta de crédito, como a redução dos juros", afirmou Aloisio Campelo, economista da FGV.
Ele se disse surpreso com os resultados: "Normalmente, os empresários são mais otimistas. Parece que há um certo desânimo".
Esse desânimo, afirmou, se contrapõe ao otimismo dos primeiros meses do governo Lula, quando todos esperavam uma orientação mais "desenvolvimentista", que alavancaria a produção.
A pesquisa revela ainda que as empresas estão com o estoque mais alto: 22% dizem que ele está excessivo, contra 12% de abril. O dado, disse Campelo, mostra que a recuperação da produção da indústria deve demorar, pois os empresários precisam, primeiro, queimar o que está estocado.
A sondagem aponta também que as empresas, embaladas pelas recentes deflações dos índices de preço, pela menor demanda e pelos altos estoques, estimam reduzir o preço dos produtos.
Segundo a pesquisa, 26% delas baixarão os preços neste trimestre. Trata-se da maior intenção de recuo de preços desde abril de 1990, logo após o confisco da poupança no governo Fernando Collor. Em abril de 2003, 9% pensavam em promover reduções.
A demanda, revela o levantamento, também está mais fraca -41% apontaram uma piora, ante 20% de abril. É o pior resultado entre os que identificaram a demanda como fraca desde junho de 1995. Em relação à produção prevista para o trimestre, mais empresários acreditam numa queda: 15% em junho, contra 11% em abril.

Economia real
Apesar do pessimismo, o lado real não está tão ruim, disse Campelo. Foram as expectativas que se deterioraram de forma mais intensa, afirmou. É que a utilização da capacidade instalada aumentou de 79% em junho de 2002 para 81% em junho de 2003.
De acordo com ele, a produção do setor tem crescido ainda que pouco e o aumento do uso da capacidade sinaliza que o país não vive um período de recessão.


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