São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2006

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Sem vôo, jurista Bandeira de Mello critica "abandono" de passageiros em Londres

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

Além da incerteza sobre quando voarão, passageiros da Varig presos em Londres por falta de vôo reclamavam ontem de abandono e maus-tratos por parte da empresa.
"Tinha uma multidão no aeroporto, várias pessoas sendo humilhadas e ofendidas, nos mandaram calar a boca, esse tipo de relação", afirmou Celso Bandeira de Mello, advogado e professor da PUC-SP.
"Há vários professores universitários aqui, todos perderam compromissos. Eu ia fazer a abertura de um congresso em Santa Catarina e perdi", disse o advogado.
Diabético, ele também reclamou que sua condição médica foi ignorada pelos funcionários da Varig. "Eu expliquei que minha situação era séria, meus remédios acabaram e eu pedi ajuda para conseguir mais, mas eles responderam que isso não era assunto deles."
Realocado em um vôo na próxima sexta-feira, Bandeira de Mello disse que encontrou pessoas em situação pior, as quais a Varig não ofereceu nem hotel. "Meu infortúnio é pequeno se comparado ao dos que não têm dinheiro para pagar hotel. Depois do que eu vi hoje, não posso passar na frente deles, vou viver o mesmo destino de todos."
Os depoimentos dos passageiros, que, até as 22h de ontem, ainda não sabiam se teriam hotel, vôos ou qualquer informação da Varig, retratam bem a confusão que reinou no balcão da empresa em Heathrow, aeroporto da capital inglesa.
"Estou desde as 14h na fila e não consegui chegar ao balcão para ser atendida", disse a psicóloga Inez Farah. "A fila estava gigantesca e cada funcionário dizia uma coisa diferente."
Ela também reclamou da falta de ação da VarigLog, que comprou a Varig. "O mínimo que podiam fazer era colocar vôos charter para pegar os passageiros."
Quem tentou resolver sua situação por telefone só encontrou desinformação. "Liguei para o Brasil e me confirmaram que eu voaria hoje. Cheguei aqui e me disseram que não há previsão alguma", disse Sônia Pessoto, que passou por uma experiência semelhante na vinda.
"Tive que vir de táxi aéreo de Porto Alegre para São Paulo, para conseguir pegar meu vôo a tempo de chegar para o casamento do meu filho aqui em Londres."
Para Mário Bruni, gerente da Varig no Reino Unido, a confusão de ontem foi causada por passageiros que tentaram antecipar seus vôos. "Ontem tivemos passageiros que só tinham passagem marcada para hoje e chegaram aqui pedindo hotel. Não vamos pagar, é claro."


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