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Sem vôo, jurista Bandeira de Mello critica "abandono" de passageiros em Londres
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
Além da incerteza sobre
quando voarão, passageiros
da Varig presos em Londres
por falta de vôo reclamavam
ontem de abandono e maus-tratos por parte da empresa.
"Tinha uma multidão no
aeroporto, várias pessoas
sendo humilhadas e ofendidas, nos mandaram calar a
boca, esse tipo de relação",
afirmou Celso Bandeira de
Mello, advogado e professor
da PUC-SP.
"Há vários professores
universitários aqui, todos
perderam compromissos.
Eu ia fazer a abertura de um
congresso em Santa Catarina e perdi", disse o advogado.
Diabético, ele também reclamou que sua condição
médica foi ignorada pelos
funcionários da Varig. "Eu
expliquei que minha situação era séria, meus remédios
acabaram e eu pedi ajuda para conseguir mais, mas eles
responderam que isso não
era assunto deles."
Realocado em um vôo na
próxima sexta-feira, Bandeira de Mello disse que encontrou pessoas em situação
pior, as quais a Varig não ofereceu nem hotel. "Meu infortúnio é pequeno se comparado ao dos que não têm
dinheiro para pagar hotel.
Depois do que eu vi hoje, não
posso passar na frente deles,
vou viver o mesmo destino
de todos."
Os depoimentos dos passageiros, que, até as 22h de
ontem, ainda não sabiam se
teriam hotel, vôos ou qualquer informação da Varig,
retratam bem a confusão
que reinou no balcão da empresa em Heathrow, aeroporto da capital inglesa.
"Estou desde as 14h na fila
e não consegui chegar ao balcão para ser atendida", disse
a psicóloga Inez Farah. "A fila estava gigantesca e cada
funcionário dizia uma coisa
diferente."
Ela também reclamou da
falta de ação da VarigLog,
que comprou a Varig. "O mínimo que podiam fazer era
colocar vôos charter para pegar os passageiros."
Quem tentou resolver sua
situação por telefone só encontrou desinformação. "Liguei para o Brasil e me confirmaram que eu voaria hoje.
Cheguei aqui e me disseram
que não há previsão alguma",
disse Sônia Pessoto, que passou por uma experiência semelhante na vinda.
"Tive que vir de táxi aéreo
de Porto Alegre para São
Paulo, para conseguir pegar
meu vôo a tempo de chegar
para o casamento do meu filho aqui em Londres."
Para Mário Bruni, gerente
da Varig no Reino Unido, a
confusão de ontem foi causada por passageiros que tentaram antecipar seus vôos.
"Ontem tivemos passageiros
que só tinham passagem
marcada para hoje e chegaram aqui pedindo hotel. Não
vamos pagar, é claro."
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