São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2006

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Nova aduana em Foz do Iguaçu divide polícia e Receita Federal

Policial prevê alta em crimes, mas delegado da Receita quer coibir contrabando

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU

A inauguração da nova aduana da Receita Federal em Foz do Iguaçu (PR), prevista para setembro, expõe racha entre Receita e Polícia Civil sobre os possíveis reflexos, na região da tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai), das mudanças na fiscalização.
Para o chefe da Polícia Civil em Foz do Iguaçu, delegado Márcio Amaro, o aumento da fiscalização de mercadorias na fronteira vai aumentar a criminalidade na região. O delegado da Receita Federal na cidade, José Carlos Araújo, disse que isso não deve ocorrer.
"Pessoas que sobrevivem do serviço informal de transporte de mercadorias para terceiros vão buscar alternativas no crime", disse Amaro. Segundo o delegado, ocorrências de furtos e roubos dobram na cidade quando, por exemplo, a ponte fica fechada por protestos.
Araújo minimizou a previsão e destacou a importância do combate ao contrabando. "A entrada, por exemplo, de medicamentos falsos no país pode levar pessoas à morte. É preciso coibir essa prática de considerar o delito como menos grave."
Segundo Araújo, com a nova aduana na ponte da Amizade, divisa com o Paraguai, vai ser possível fiscalizar "100% do que entra no país". Afirmou existirem reações ao novo sistema "pois a defesa dos sacoleiros acaba sendo palanque eleitoral em ano de eleições".
Hoje, o movimento entre Brasil e Paraguai é controlado por uma aduana para entrada e saída do país. A fiscalização é feita por amostragem e a Receita estima que apenas 5% dos veículos sejam fiscalizados.
Com a inauguração da nova estrutura, em área de 8.500 m2, existirá uma aduana para saída e outra para entrada no país. Serão seis pistas para veículos e uma para pedestres.

Laranjas
Mesmo com a fiscalização insuficiente, a Receita já identificou cerca de 6.000 pessoas que trabalham como laranjas para contrabandistas. Oriundos de várias partes do país, eles são contratados para ingressar no Brasil com mercadorias ilegais.


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