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Nova aduana em Foz do Iguaçu divide polícia e Receita Federal
Policial prevê alta em crimes, mas delegado da Receita quer coibir contrabando
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU
A inauguração da nova aduana da Receita Federal em Foz
do Iguaçu (PR), prevista para
setembro, expõe racha entre
Receita e Polícia Civil sobre os
possíveis reflexos, na região da
tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai), das mudanças na fiscalização.
Para o chefe da Polícia Civil
em Foz do Iguaçu, delegado
Márcio Amaro, o aumento da
fiscalização de mercadorias na
fronteira vai aumentar a criminalidade na região. O delegado
da Receita Federal na cidade,
José Carlos Araújo, disse que
isso não deve ocorrer.
"Pessoas que sobrevivem do
serviço informal de transporte
de mercadorias para terceiros
vão buscar alternativas no crime", disse Amaro. Segundo o
delegado, ocorrências de furtos
e roubos dobram na cidade
quando, por exemplo, a ponte
fica fechada por protestos.
Araújo minimizou a previsão
e destacou a importância do
combate ao contrabando. "A
entrada, por exemplo, de medicamentos falsos no país pode
levar pessoas à morte. É preciso
coibir essa prática de considerar o delito como menos grave."
Segundo Araújo, com a nova
aduana na ponte da Amizade,
divisa com o Paraguai, vai ser
possível fiscalizar "100% do
que entra no país". Afirmou
existirem reações ao novo sistema "pois a defesa dos sacoleiros acaba sendo palanque eleitoral em ano de eleições".
Hoje, o movimento entre
Brasil e Paraguai é controlado
por uma aduana para entrada e
saída do país. A fiscalização é
feita por amostragem e a Receita estima que apenas 5% dos
veículos sejam fiscalizados.
Com a inauguração da nova
estrutura, em área de 8.500 m2,
existirá uma aduana para saída
e outra para entrada no país.
Serão seis pistas para veículos e
uma para pedestres.
Laranjas
Mesmo com a fiscalização insuficiente, a Receita já identificou cerca de 6.000 pessoas que
trabalham como laranjas para
contrabandistas. Oriundos de
várias partes do país, eles são
contratados para ingressar no
Brasil com mercadorias ilegais.
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