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Ex-diretor pede estatização total da Petrobras
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Defensor da reestatização
total da Petrobrás, o ex-diretor de gás e energia da estatal
Ildo Sauer afirmou ontem
que o modelo regulatório para o pré-sal vai na "direção
correta, mas [é] tímido". Para ele, a concessão dada à Petrobras é uma proposta "menos deletéria" do que a defendida, segundo ele, pela
Casa Civil e pela ANP (Agência Nacional do Petróleo).
De toda forma, Sauer criticou o viés eleitoral da discussão. "Há açodamento na definição [das regras] nitidamente para ter plataforma
eleitoral", disse. A ministra-chefe da Casa, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à
sucessão de Lula, foi a estrela
da solenidade ontem.
Segundo Sauer, que deixou
a estatal atirando contra a
política energética do governo, a definição das regras para exploração do pré-sal não
respeitou a lógica.
O primeiro passo, disse,
era a delimitação das reservas e a mensuração do potencial de petróleo possível de
ser obtido na camada pré-sal.
"Era a primeira providência
e isso não custaria muito. O
governo contrataria a Petrobras por US$ 6 bilhões, a empresa faria cem furos e assim
saberíamos sobre o que estamos falando. Podem ser de
30 bilhões a 300 bilhões de
barris, ninguém sabe."
Só a partir do conhecimento sobre o potencial de produção, o governo poderia definir um marco regulatório e
informar como pode ser feito
o desenvolvimento numa lógica que considere a capacidade da Petrobras de investir
e da oferta mundial de óleo.
O ex-diretor da Petrobras
-cargo que ocupou de 2003
a 2007- disse que reservas
recuperáveis acima de 100
bilhões de barris gerariam
renda petroleira de US$ 250
bilhões por ano, com produção firme de 5 milhões a 10
milhões de barris de petróleo
por dia. Hoje, o Brasil produz
1,9 milhão de barris e tem reserva provada de 14 bilhões.
Mesmo considerando tímido o papel da Petrobras,
Sauer acha que os movimentos sociais e os grupos favoráveis à estatal vão reforçar a
campanha "O petróleo tem
que ser nosso" a fim de reacender a discussão sobre a
reestatização da empresa.
"Está mais do que óbvio
que o melhor caminho é o governo progressivamente
-por estratégia que não seja,
digamos assim, açodada e
desrespeitosa a direitos
constituídos, como aqueles
do FGTS, enfim, de todo
mundo que de boa-fé investiu na Petrobras- retomar o
controle acionário da Petrobras, chegando próximo ou
totalmente aos 100% do capital", afirmou. Hoje, o governo detém 32,2% do capital total da empresa.
Dessa forma, disse Sauer, a
discussão sobre o modelo
(partilha ou concessão) perderia o sentido. Para ele, diferentemente do que muitos
avaliam, a autossuficiência e
a descoberta do pré-sal não
foram conquistas da reforma
constitucional de 1997 e da
mudança da Lei do Petróleo,
mas resultados alcançados
pela persistência da estatal.
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