São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2008

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Amorim vê risco de novo fracasso em Doha

ENVIADO ESPECIAL A DOHA

O chanceler Celso Amorim manifesta "otimismo moderado" sobre as chances de um acordo na Rodada Doha ainda neste ano, mas alerta: a insistência dos países ricos em abrir alguns setores industriais das economias emergentes pode levar a mais um fracasso.
As negociações em torno de um acordo global de comércio ganharam novo impulso após a cúpula do G20 em Washington, onde os líderes pediram a conclusão dos principais temas antes do fim do ano.
Amorim calcula que as chances de uma nova reunião ministerial em dezembro estão em 70%. Caso o encontro seja convocado, há 60% de chances de acordo, diz o chanceler. A retomada deve ser decidida até sexta-feira.
Em entrevista à Folha, o chanceler disse que "demandas excessivas" dos países desenvolvidos em obter acordos para reduzir tarifas e facilitar a entrada de seus produtos manufaturados nos mercados em desenvolvimento ameaçam a retomada de Doha.
"O maior obstáculo é se houver ambições excessivas em relação aos produtos industriais", disse Amorim. "Não é o conceito de haver negociação setorial, porque esse princípio foi aceito. Mas, se houver insistência em antecipar essa fórmula e colocar números e setores específicos, aí não conseguiremos uma conclusão."
Amorim se refere ao endurecimento de posições como a dos EUA, que exigem uma lista de países e produtos que seriam incluídos nos chamados "acordos setoriais". Para o Brasil, é melhor deixar tais detalhes para depois.
Em relação à Argentina, que na semana passada apresentou na OMC uma proposta exigindo mais proteção a sua indústria, Amorim acha que não chega a ser uma ameaça às negociações. Mas o chanceler admite que a iniciativa isolada de Buenos Aires não contribui para a coesão do Mercosul.
Amorim observou que o Mercosul já tem várias exceções em sua tarifa externa comum, e que mais uma poderia ser estudada para acomodar as reivindicações da Argentina. (MN)


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