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Amorim vê risco de novo fracasso em Doha
ENVIADO ESPECIAL A DOHA
O chanceler Celso Amorim manifesta "otimismo
moderado" sobre as chances de um acordo na Rodada Doha ainda neste ano,
mas alerta: a insistência
dos países ricos em abrir
alguns setores industriais
das economias emergentes pode levar a mais um
fracasso.
As negociações em torno de um acordo global de
comércio ganharam novo
impulso após a cúpula do
G20 em Washington, onde
os líderes pediram a conclusão dos principais temas antes do fim do ano.
Amorim calcula que as
chances de uma nova reunião ministerial em dezembro estão em 70%. Caso o encontro seja convocado, há 60% de chances
de acordo, diz o chanceler.
A retomada deve ser decidida até sexta-feira.
Em entrevista à Folha,
o chanceler disse que "demandas excessivas" dos
países desenvolvidos em
obter acordos para reduzir
tarifas e facilitar a entrada
de seus produtos manufaturados nos mercados em
desenvolvimento ameaçam a retomada de Doha.
"O maior obstáculo é se
houver ambições excessivas em relação aos produtos industriais", disse
Amorim. "Não é o conceito de haver negociação setorial, porque esse princípio foi aceito. Mas, se houver insistência em antecipar essa fórmula e colocar
números e setores específicos, aí não conseguiremos uma conclusão."
Amorim se refere ao endurecimento de posições
como a dos EUA, que exigem uma lista de países e
produtos que seriam incluídos nos chamados
"acordos setoriais". Para o
Brasil, é melhor deixar tais
detalhes para depois.
Em relação à Argentina,
que na semana passada
apresentou na OMC uma
proposta exigindo mais
proteção a sua indústria,
Amorim acha que não
chega a ser uma ameaça às
negociações. Mas o chanceler admite que a iniciativa isolada de Buenos Aires
não contribui para a coesão do Mercosul.
Amorim observou que o
Mercosul já tem várias exceções em sua tarifa externa comum, e que mais
uma poderia ser estudada
para acomodar as reivindicações da Argentina.
(MN)
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