São Paulo, sábado, 2 de janeiro de 1999

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INDÚSTRIA
Vendas não compensam prejuízo
Acabam os estoques de vídeo e TV

ARTHUR PEREIRA FILHO
SILVANA QUAGLIO
da Reportagem Local

A indústria de aparelhos eletroeletrônicos retoma a produção na segunda-feira com os estoques de videocassetes e de televisores de 14 e 20 polegadas esgotados.
Um levantamento feito na semana passada pela Eletros, a entidade que representa os fabricantes do setor, mostra que a procura por esses artigos superou as expectativas e zerou os estoques dos produtores, que não puderam atender aos pedidos das lojas. Os estoques de aparelhos de televisão mais sofisticados e de outros artigos eletrônicos continuam normais.
Os televisores em falta são os mais simples, que custam entre R$ 280 e R$ 350. Este é mais um indício de que o Natal foi de presentes de valor menor. Nas contas da Eletros, a recuperação não será suficiente para reverter os resultados ruins: o faturamento deverá ser 25% menor do que o de 97.
Aparelhos de telefone celular foram os campeões de vendas entre os eletroeletrônicos. Mas os modelos mais baratos, na faixa de R$ 300, é que sumiram das prateleiras.
Desde meados de dezembro, a Gradiente não tem mais aparelhos "Skyway" (os mais baratos da marca). Apenas algumas lojas da BCP têm disponíveis o modelo ou equivalentes de outras marcas. O estoque do "Skyway" não será reposto. Em substituição, a Gradiente lançou, na semana passada, o modelo "Strike", que custará R$ 499 para o consumidor.
O aquecimento das vendas de televisores e de videocassetes nos últimos dois meses de 98 surpreendeu a indústria. Em setembro, após rever para baixo as estimativas iniciais, o setor calculou que conseguiria vender 5 milhões de televisores no ano passado. O resultado será bem melhor -entre 5,8 milhões e 6 milhões de aparelhos- , apesar de cerca de 23% inferior ao resultado de 97.
A Semp Toshiba, que detém cerca de 15% do mercado, chegou a anunciar que concederia férias coletivas aos funcionários pela primeira vez em 20 anos. No início de dezembro, as férias foram suspensas para que a empresa pudesse atender ao aumento de pedidos.
A procura por videocassetes também surpreendeu os fabricantes. As 20 marcas associadas à Eletros fecharam 98 com 2 milhões de unidades vendidas, previsão feita em janeiro e que chegou a ser refeita por causa da queda de vendas no meio do ano. Em 97, a venda chegou a 2,45 milhões.
Na Gradiente, os estoques de TV, de videocassete e de áudio estavam baixos nos últimos dias do ano, mas não havia nenhum item em falta, segundo o presidente da empresa, Eugênio Staub.
"O Natal foi melhor do que se esperava, mas a crise continua", afirmou. Staub, que também dirige o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), disse que as vendas no Natal não mudaram a expectativa da indústria com relação a 99.
"Continuamos nos preparando para um ano difícil", afirmou.



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