São Paulo, domingo, 02 de maio de 2004

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OUTRO LADO

Para executivo, há forte competição de teles no México

DO ENVIADO À CIDADE DO MÉXICO

Questionado sobre a ação conjunta das brasileiras Telefônica, Brasil Telecom e Telemar na disputa pela Embratel, Arturo Elías Ayub, diretor da Telmex, afirma ser ""uma boa notícia" para o consumidor brasileiro o fato de a mexicana ter levado a empresa.
""De nossa parte, haverá competição", diz Ayub, que rechaça as acusações de que a Telmex atua como um monopólio em seu país. Leia entrevista concedida por Ayub à Folha: (FCz)

 

Folha - Revelada a atuação conjunta das brasileiras, como o sr. espera entrar em um mercado onde há ações desse tipo?
Arturo Elías Ayub -
Sob esse ponto de vista, o fato de a Telmex ter ganho é uma boa notícia para os brasileiros. Sem dúvida, de nossa parte, haverá competição. Quando decidimos ir ao Brasil, olhamos primeiro para o tamanho do mercado, mas agora me parece que teremos de enfrentar três empresas com muita disposição de competir fortemente.

Folha - Os srs. pretendem tomar uma ação preventiva contra esse tipo de comportamento?
Ayub -
Creio que essa seja a tarefa da Anatel e que o órgão já esteja atuando. Os documentos revelados pela Folha já devem ter servido para que a Anatel tome providências. Não esperamos que nos favoreçam, mas também que não nos prejudiquem. O que pedimos é que as regras de competição sejam claras e que fiquem assim.

Folha - Surpreendeu a estratégia das três brasileiras ou isso é comum nesse setor?
Ayub -
Foi uma grande surpresa ver aquilo por escrito. Quando li o que saiu publicado, pensei: ""É inacreditável que alguém tenha registrado isso por escrito". É incrível.

Folha - A Telmex é acusada de atuar como um monopólio. Como a empresa se defende?
Ayub -
Desde 1997, quando da abertura do mercado, estamos perdendo participação. Temos as maiores companhias do mundo competindo hoje no México: MCI, AT&T, Verizon e Telefónica, todas com condições favoráveis de competição. Quem diz que existe monopólio está totalmente equivocado.

Folha - Estudo do banco Bear Stearns com base em dados internacionais mostrou que as tarifas da Telmex são 65% mais caras para assinantes residenciais e 44,5% para comerciais.
Ayub -
Há muitas maneiras de mostrar números. No México, cobramos por chamadas, e não por minutos. Cobramos US$ 14 por mês dos assinantes, o que inclui cem chamadas sem limite de tempo, e cerca de 54% de nossas linhas não consomem mais do que as cem chamadas por mês . Em chamadas de um minuto, talvez sejamos os mais caros do mundo, mas se você fizer a conta por chamadas de 20 minutos, talvez sejamos os mais baratos.

Folha - O que explica a baixa densidade de telefones no país?
Ayub -
O México é muito extenso geograficamente. Hoje, o país tem 15 milhões de linhas (fixas) e 20 milhões de residências. O número de linhas por habitante é baixo, de 15%. Mas chega a 75% em relação ao número de residências. Além disso, temos a maior rede de telefonia pública do mundo.

Folha - Depois de privatizada, a Telmex atuou durante seis anos sem a interferência de uma agência reguladora. Isso não permitiu uma reserva de mercado para a empresa?
Ayub -
Essa foi a condição estabelecida na época da privatização para qualquer um que ganhasse a concorrência. Seriam dados seis anos para o vencedor se preparar para a competição. Foi uma visão correta, pois, quando se privatizou a Telmex, a rede era analógica e hoje é 100% digital.

Folha - A Telmex é a vice-campeã em termos de reclamações de clientes. Como o sr. explica?
Ayub -
Se tenho 15 milhões de clientes de quem cobro 12 vezes por ano, isso dá 180 milhões de cobranças. Com isso, cerca de 14 mil reclamações é pouco.


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