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Bolivianos pretendem
expropriar, afirma Eike
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
A assinatura do decreto de nacionalização dos hidrocarbonetos
pelo presidente boliviano, Evo
Morales, transformou a situação
das empresas brasileiras na Bolívia em uma questão de Estado para o Brasil, na opinião do empresário Eike Batista.
"É a prova clara de que o governo boliviano quer expropriar e ser
dono da maioria dos projetos",
declarou Batista, que investiu US$
60 milhões na construção da siderúrgica EBX e está em rota de colisão com o governo Morales. "A situação é muito mais complexa e
atinge todos os interesses de brasileiros na Bolívia", destacou.
Acusado de desrespeitar as leis
bolivianas, Batista disse que está
decidido a deixar o país e transferir a EBX para Corumbá (MS).
Para isso, espera que o governo
brasileiro negocie um salvo-conduto, que lhe permita a retirada
dos equipamentos na Bolívia.
Batista estima que conseguirá
recuperar US$ 40 milhões do investimento. Perderá US$ 20 milhões relativos a obras civis e ao
custo de desmonte e transferência
da fábrica. A previsão original era
investir US$ 120 milhões na construção de quatro fornos, com capacidade de produzir 800 mil toneladas/ano de ferro-gusa.
Uma negociação entre o governo boliviano e a EBX foi descartada anteontem pelo ministro da
Presidência da Bolívia, Juan Ramón Quintana. Segundo ele, Morales editará um decreto que determina a paralisação das obras e
o fim das atividades da EBX.
O principal argumento do governo é que Batista violou as regras que proíbem a instalação de
empresas na faixa de 50 quilômetros próxima da fronteira. O empresário diz que o investimento
contou com o aval do governo anterior e está de acordo com a lei.
"O Estado de Direito não existe
mais na Bolívia", afirmou Batista.
Se não obtiver o salvo-conduto
para retirar os equipamentos do
país, o empresário disse que recorrerá a cortes internacionais.
"Se não me querem, eu me vou",
afirmou. "Se não me deixarem
sair, estarão expropriando os investimentos."
Asilo
O presidente do Comitê Cívico
de Puerto Suarez, Edil Gericke, líder dos protestos contra a expulsão da siderúrgica brasileira EBX
pelo governo boliviano, pediu anteontem asilo político ao Brasil
por temer ser detido no país vizinho.
A informação foi confirmada
por um agente da Polícia Federal
em Corumbá (MS). Segundo ele,
o pedido será encaminhado à superintendência do órgão em
Campo Grande e remetido ao Ministério da Justiça.
Gericke se apresentou anteontem à Polícia Federal, "para iniciar os trâmites do asilo político",
segundo ele. "Estou pedindo asilo, pois sinto que meus direitos estão sendo violados", disse.
Empresários, comerciantes e
políticos bolivianos fecharam
mais de uma vez a fronteira com o
Brasil, em Arroyo Concepción.
Eles acreditam que a saída da EBX
irá gerar desemprego.
Um juiz determinou, no sábado, que a siderúrgica fosse derrubada, o que levou manifestantes
de Puerto Suarez a cercar a fábrica
para protegê-la.
Para Gericke, a ação judicial visa
a detenção dos dirigentes do movimento, para "negociar nossa liberdade em troca do fim dos protestos de Puerto Suarez".
O ministro Juan Ramón Quintana classificou a decisão de Gericke de "uma típica ação política
para se fazer de vítima".
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