São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2006

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CRISE NO AR

Dilma Rousseff diz que BNDES só emprestará a investidor que for administrar aérea e tiver fundamento "sólido"

Varig pode ter recurso, mas fundação, não

LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) confirmou ontem que o governo irá conceder um empréstimo, por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para o investidor que tiver condições de comprar a operação doméstica da Varig, dentro da proposta de divisão da empresa.
Segundo ela, a atitude de "não colocar dinheiro em empresa falida" se aplica com exclusividade à Fundação Ruben Berta, dona de 87% do capital da empresa.
O "empréstimo-ponte" em questão, estimado em cerca de US$ 100 milhões, é a peça-chave do chamado "Plano B" de recuperação da empresa. Esse plano já vinha sendo discutido desde a semana passada e será votado hoje em assembléia de credores.
Nele, a Varig é dividida em duas operações: a "Varig velha" ficaria com as rotas internacionais, os passivos e o plano de recuperação judicial e a "Varig nova", com o lado financeiro sanado, ficaria com as rotas domésticas e seria leiloada. O BNDES não pode emprestar diretamente para a Varig por causa do passivo.
"Temos todo o interesse em emprestar para alguém que tenha fundamentos sólidos. Não vamos emprestar se for mantida qualquer participação da Ruben Berta", disse Dilma em Nova York, durante palestra da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.
Segundo a ministra, o governo "fará todo o possível para resgatar o nome Varig, os empregos e as condições para continuar voando" e insistiu que em hipótese alguma disponibilizaria recursos que possam ser operados pela Ruben Berta. Medindo as palavras, disse que o motivo é a "gestão não considerada eficiente".
"O "empréstimo-ponte" não é um empréstimo solto no ar", afirmou Dilma, ressaltando que o governo já tem informação da vários interessados na nova Varig.

Desentendimento
Dilma tentou amenizar para a platéia de empresários e banqueiros o grau de desentendimento entre o ministro Guido Mantega (Fazenda) e o presidente do BC, Henrique Meirelles, a respeito do ritmo de redução das taxas de juros. Ela afirmou que as discussões internas ou debates são normais.
"Acredito que seja legítimo que o Ministério da Fazenda e o Banco Central debatam os ritmos [de redução dos juros]. Mas não há possibilidade de perda de controle ou de cenário de especulação."


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