São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2006

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1º DE MAIO

CUT e Força Sindical comemoraram Dia do Trabalho com atos pró e contra o governo Lula, respectivamente

Centrais sindicais reúnem 2,5 milhões em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical, as duas principais centrais sindicais do país, juntaram ontem cerca de 2,5 milhões de pessoas em suas comemorações do 1º de Maio em atos políticos, respectivamente, pró e contra o governo Lula. A estimativa de público é do comando da Polícia Militar.
Nos cálculos dos organizadores, 3 milhões de pessoas passaram durante o dia de ontem pelos dois eventos: 1,5 milhão na avenida Paulista, local em que ocorreu a festa da CUT, e 1,5 milhão na praça Campo de Bagatelle, onde aconteceram shows e sorteios promovidos pela Força Sindical. As duas festas custaram R$ 5 milhões e tiveram o patrocínio de empresas públicas e privadas.
Com críticas à política econômica do governo, as duas centrais pediram redução na taxa de juros e revisão das metas de superávit primário para que mais investimentos ocorram no país e permitam a criação de mais empregos.
"Reconhecemos que houve avanços no governo Lula. Mas é preciso diminuir os juros para não estrangular a economia e alongar os prazos de pagamento da dívida externa para que o Estado brasileiro possa aumentar sua capacidade de investimento na produção, em infra-estrutura e na área social", disse João Felício, presidente da CUT.
A central defendeu ainda mudanças no mercado de trabalho e adoção de regras rígidas -no pacote de medidas já anunciado pelo governo na área sindical e trabalhista- para proibir o trabalho aos domingos. "O trabalho aos domingos deve ocorrer só em serviços emergenciais, como farmácias e prontos-socorros", afirmou Felício, que defendeu que as medidas sejam propostas ao Congresso por medida provisória.
Confirmado ontem pelo presidente Lula, durante seu programa semanal de rádio, o pacote sindical-trabalhista deve sair até a próxima semana. Inclui medidas como: 1) o reconhecimento jurídico das centrais sindicais (apesar de existirem há anos, essas entidades não são legalizadas), 2) a criação do CNRT (Conselho Nacional de Relações do Trabalho), para regular as relações entre governo, patrões e empregados em questões trabalhistas, e 3) o direito à greve para o funcionalismo público -hoje, proibida.
Márcio Chaves Pires, delegado regional do Trabalho em São Paulo, informou que o governo deve enviar um projeto de lei para efetivar as mudanças, embora as centrais sindicais defendam a edição de uma medida provisória. Ele representou o ministro Luiz Marinho (Trabalho) no evento, que não pôde comparecer após ter sofrido ontem fortes dores na coluna cervical.
Além de pedir a reeleição do presidente Lula para o cerca de 1 milhão de pessoas que passaram pela avenida Paulista, os dirigentes da central defenderam o governo federal. "Houve geração de emprego e mais investimentos para as famílias que moram no campo. O governo Lula brecou a flexibilização dos direitos trabalhistas, como defendia o governo anterior, que pretendia retirar conquistas históricas dos trabalhadores", disse Edílson de Paula, presidente da CUT-SP.
A CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), que pela primeira vez participou do ato da CUT, também demonstrou apoio ao governo.
A cerca de oito quilômetros do evento da CUT, a Força Sindical realizou um "minicomício" contra o governo durante os 50 minutos de duração de seu ato político. Pequenas vaias foram ouvidas durante os discursos de sindicalistas convidados pela central.
As críticas ao governo Lula vieram principalmente de políticos da oposição que subiram ao palco da Força. O tom comum foi a crítica ao desemprego e à elevada cobrança de impostos sobre produtos -o que encarece os preços das mercadorias.
"Vocês sabiam que 83% da cachaça que vocês pagam é imposto? No papel higiênico, 40% é imposto? Por isso, estamos encabeçando uma frente para a criação de um projeto de lei [que institui nota ao consumidor em que aparece o imposto pago discriminado] para a população", disse Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical. Cerca de 600 pessoas coletaram assinaturas em abaixo-assinado de apoio a esse projeto de lei.
(CLAUDIA ROLLI, ADRIANA MATTOS, ROGÉRIO PAGNAN E MARCELO BILLI)
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