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1º DE MAIO
CUT e Força Sindical comemoraram Dia do Trabalho com atos pró e contra o governo Lula, respectivamente
Centrais sindicais reúnem 2,5 milhões em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical, as duas
principais centrais sindicais do
país, juntaram ontem cerca de 2,5
milhões de pessoas em suas comemorações do 1º de Maio em
atos políticos, respectivamente,
pró e contra o governo Lula. A estimativa de público é do comando
da Polícia Militar.
Nos cálculos dos organizadores,
3 milhões de pessoas passaram
durante o dia de ontem pelos dois
eventos: 1,5 milhão na avenida
Paulista, local em que ocorreu a
festa da CUT, e 1,5 milhão na praça Campo de Bagatelle, onde
aconteceram shows e sorteios
promovidos pela Força Sindical.
As duas festas custaram R$ 5 milhões e tiveram o patrocínio de
empresas públicas e privadas.
Com críticas à política econômica do governo, as duas centrais
pediram redução na taxa de juros
e revisão das metas de superávit
primário para que mais investimentos ocorram no país e permitam a criação de mais empregos.
"Reconhecemos que houve
avanços no governo Lula. Mas é
preciso diminuir os juros para
não estrangular a economia e
alongar os prazos de pagamento
da dívida externa para que o Estado brasileiro possa aumentar sua
capacidade de investimento na
produção, em infra-estrutura e na
área social", disse João Felício,
presidente da CUT.
A central defendeu ainda mudanças no mercado de trabalho e
adoção de regras rígidas -no pacote de medidas já anunciado pelo governo na área sindical e trabalhista- para proibir o trabalho
aos domingos. "O trabalho aos
domingos deve ocorrer só em serviços emergenciais, como farmácias e prontos-socorros", afirmou
Felício, que defendeu que as medidas sejam propostas ao Congresso por medida provisória.
Confirmado ontem pelo presidente Lula, durante seu programa
semanal de rádio, o pacote sindical-trabalhista deve sair até a próxima semana. Inclui medidas como: 1) o reconhecimento jurídico
das centrais sindicais (apesar de
existirem há anos, essas entidades
não são legalizadas), 2) a criação
do CNRT (Conselho Nacional de
Relações do Trabalho), para regular as relações entre governo, patrões e empregados em questões
trabalhistas, e 3) o direito à greve
para o funcionalismo público
-hoje, proibida.
Márcio Chaves Pires, delegado
regional do Trabalho em São Paulo, informou que o governo deve
enviar um projeto de lei para efetivar as mudanças, embora as
centrais sindicais defendam a edição de uma medida provisória.
Ele representou o ministro Luiz
Marinho (Trabalho) no evento,
que não pôde comparecer após
ter sofrido ontem fortes dores na
coluna cervical.
Além de pedir a reeleição do
presidente Lula para o cerca de 1
milhão de pessoas que passaram
pela avenida Paulista, os dirigentes da central defenderam o governo federal. "Houve geração de
emprego e mais investimentos
para as famílias que moram no
campo. O governo Lula brecou a
flexibilização dos direitos trabalhistas, como defendia o governo
anterior, que pretendia retirar
conquistas históricas dos trabalhadores", disse Edílson de Paula,
presidente da CUT-SP.
A CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), que pela
primeira vez participou do ato da
CUT, também demonstrou apoio
ao governo.
A cerca de oito quilômetros do
evento da CUT, a Força Sindical
realizou um "minicomício" contra o governo durante os 50 minutos de duração de seu ato político.
Pequenas vaias foram ouvidas
durante os discursos de sindicalistas convidados pela central.
As críticas ao governo Lula vieram principalmente de políticos
da oposição que subiram ao palco
da Força. O tom comum foi a crítica ao desemprego e à elevada cobrança de impostos sobre produtos -o que encarece os preços
das mercadorias.
"Vocês sabiam que 83% da cachaça que vocês pagam é imposto? No papel higiênico, 40% é imposto? Por isso, estamos encabeçando uma frente para a criação
de um projeto de lei [que institui
nota ao consumidor em que aparece o imposto pago discriminado] para a população", disse Paulo Pereira da Silva, o Paulinho,
presidente da Força Sindical. Cerca de 600 pessoas coletaram assinaturas em abaixo-assinado de
apoio a esse projeto de lei.
(CLAUDIA ROLLI, ADRIANA MATTOS, ROGÉRIO PAGNAN E MARCELO BILLI)
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