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Faro para best-sellers
Com poucos títulos de grande apelo comercial, mas com preço de capa mais em conta, Sextante
e Intrínseca dominam as listas de mais vendidos
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
O sonho de consumo da nova
classe média brasileira não se
resume a computadores e celulares. Ela também quer cultura.
As editoras Sextante e Intrínseca foram as primeiras a entender o apetite da nova classe de
consumidores pelos livros e estão revolucionando a área editorial com preço de capa até
30% abaixo do que costuma ser
praticado pelo mercado.
Com um faro apurado para
best-sellers, as duas editoras
cariocas, que têm sócios em comum e perfis editoriais distintos, estão por trás de sucessos
como "A Cabana" (William P.
Young) e "O Código Da Vinci"
(Dan Brown), ambos da Sextante, e os livros da série "Crepúsculo" (Stephenie Meyer),
da Intrínseca.
"O brasileiro adora ler. Basta
chegar às suas mãos bons títulos a preços baixos", diz Tomás
Pereira, 41, que, junto com o irmão Marcos, é dono da Sextante. "Uma característica interessante da nova classe C é o desejo de progredir, e a leitura, que
educa, traz cultura e entretém,
é um caminho natural."
Netos do célebre editor José
Olympio, que lançou nomes como Guimarães Rosa e Graciliano Ramos, Tomás e Marcos
fundaram a Sextante em 1998,
com o pai Geraldo, já falecido.
Começaram com livros de autoajuda e espiritualidade, que
ainda são o forte da editora,
mas deram uma grande tacada
na área de ficção ao adquirir,
em 2004, os direitos de "Código
da Vinci" por US$ 12 mil.
"Existe no mercado uma
mentalidade elitista de que as
pessoas que gostam de ler podem pagar mais. Isso fez com
que se investisse em acabamentos especiais que agregam
muito mais preço do que valor
aos livros, deixando à margem
um público leitor ávido por
comprá-los", afirma Tomás. Há
12 anos, o preço de capa dos títulos de autoajuda da Sextante
custam R$ 19,90. Os de ficção
custam R$ 39,90.
"É difícil, antes de você ler
um livro, saber quanto ele vale.
Se o preço é mais baixo, você diminui o risco e a resistência do
leitor", diz Tomás.
Há três anos, ele e o irmão se
associaram a Jorge Oakim, que
fundara anos antes a Intrínseca, mas ainda não tinha adquirido os direitos da série dos
vampiros que virou febre junto
ao público infantojuvenil. A
Sextante detém 50% da Intrínseca e é responsável pela área
operacional da editora.
Ambas compartilham o mesmo modelo de negócios: estrutura enxuta, poucos títulos de
grande apelo comercial e preço
de capa mais em conta. Também trabalham com esquemas
de distribuição alternativo, como as revendedoras da Avon.
Suas tiragens não começam em
menos de 10 mil exemplares,
enquanto a média das demais
editoras é de 3.000.
"Você só consegue fazer um
preço menor quando a tiragem
é alta", diz Tomás. "É uma
aposta. Nem sempre dá certo.
Felizmente tivemos mais acertos do que erros."
Considerando apenas o segmento em que atuam (tirando
livros didáticos, venda a governo, serviços gráficos e outros),
as duas editoras, juntas, venderam mais em volume e receita
do que qualquer outra editora
no país no ano passado.
Com um catálogo que deve
chegar a 600 títulos, a Sextante
vendeu 7,7 milhões de exemplares em 2009. A Intrínseca,
que tem 76 livros em catálogo,
vendeu 3,8 milhões. Empresas
de capital fechado, elas não revelam números. Segundo fontes, o faturamento de cada uma
foi da ordem R$ 60 milhões.
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