São Paulo, domingo, 2 de maio de 1999

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DIA DO TRABALHO
Força Sindical promove festa com sorteios de carros; CUT leva 50 mil pessoas ao vale do Anhangabaú
Crítica ao governo marca comemorações

Cleo Velleda/Folha Imagem
Manifestação de sindicatos da Força Sindical em São Paulo, que reuniu mais de 100 mil trabalhadores


MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

As críticas ao governo federal deram o tom das manifestações de ontem em comemoração do Dia do Trabalho, mas não foram suficientes para acabar com o clima de festa em alguns atos.
O aumento de 4,6% do salário mínimo anunciado pelo governo na véspera do 1º de Maio e o desemprego foram os principais alvos das críticas.
Na manifestação da Força Sindical, entretanto, o clima de festa predominou. A central realizou seu principal evento em São Paulo, no Sambódromo, e conseguiu reunir cerca de 90 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar.
A manifestação organizada pela Força mais uma vez misturou shows de artistas populares, discursos e sorteios de prêmios entre os trabalhadores sindicalizados.
O evento começou às 7h da manhã e terminou no início da tarde. Foram sorteados, no final da manifestação, cem prêmios -dez veículos e 90 itens, entre eletrodomésticos e bicicletas.
Para o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, os sindicatos estão exigindo do governo medidas concretas de combate ao desemprego.
Segundo o deputado federal pelo PFL e ex-presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, o descontentamento dos trabalhadores está crescendo.
"É quase um insulto aumentar o salário mínimo em R$ 6 e doar R$ 1,5 bilhão para um banqueiro", afirmou o sindicalista, se referindo ao caso do Banco Marka.
O clima de insatisfação em relação ao governo acabou prejudicando a participação na manifestação da Força Sindical do secretário estadual de Emprego de São Paulo, Walter Barelli, que foi vaiado.
Em São Paulo, o principal ato da CUT reuniu 50 mil pessoas à tarde, segundo a PM, no vale do Anhangabaú, centro da capital.
Mais uma vez, as críticas ao governo foram abundantes.
O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, disse que anunciar um reajuste de apenas R$ 6 para o salário mínimo é ser "cara de pau".
Para o presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que também participou do ato da CUT, um salário mínimo de R$ 136 é motivo de muita vergonha. "Nem o Paraguai paga tão pouco", disse.
No Rio de Janeiro, o ministro Francisco Dornelles (Trabalho) anunciou ontem que o governo vai destinar R$ 300 milhões do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para a qualificação de 3 milhões de trabalhadores.
Segundo ele, o dinheiro será disponibilizado dentro de 15 dias.
Dornelles esteve ontem de manhã na favela da Rocinha, em São Conrado (zona sul), para a inauguração de um posto do Programa de Apoio ao Trabalhador Autônomo da prefeitura carioca.
O sindicado dos trabalhadores do setor de açúcar e álcool de Araçatuba, no interior de São Paulo, distribuiu ontem pela manhã 21,5 mil litros de álcool. O gesto, parte das comemorações do 1.º de Maio, foi um protesto contra a política do governo para o setor.
Em Contagem (MG), a manifestação do Dia do Trabalho realizada pela CUT foi uma missa.
Cerca de 5.000 pessoas, segundo os organizadores, participaram da missa, que foi celebrada conjuntamente por 25 padres.
Trabalhadores brasileiros, argentinos, uruguaios, paraguaios e chilenos realizaram ontem à tarde um ato público em Santana do Livramento (RS).
A Brigada Militar (a PM gaúcha) estimou em cerca de 5.000 pessoas o público presente, empunhando bandeiras e faixas, muitas escritas em espanhol.
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Colaboraram a Agência Folha e a Sucursal do Rio


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