São Paulo, sábado, 02 de junho de 2007

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Adesão ao Supersimples vai até fim de julho

Receita admite que parte dos setores pode não ter carga tributária menor no novo regime de tributação de pequenas empresas

Sistema atual substitui seis tributos federais; já o novo, que estréia no próximo mês, englobará também o ICMS, estadual, e o ISS, municipal


GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Micro e pequenas empresas terão até o final de julho para fazer a opção pelo Supersimples -o regime especial de tributação que estréia no próximo mês- e pelo novo programa de parcelamento de dívidas oferecido pela Receita Federal.
Por meio de duas resoluções, a Receita começou ontem a regulamentação do Supersimples, que, como o nome indica, será uma ampliação do Simples. O imposto atual substitui seis tributos federais, e o novo substituirá também o ICMS, estadual, e o ISS, municipal.
Segundo o secretário da Receita, Jorge Rachid, o Supersimples significará redução da carga tributária para 97% das empresas que hoje estão no Simples. As exceções, disse, são as empresas do setor de serviços de maior faturamento.
Estudos de empresa de consultoria também indicam que o setor de serviços será o mais afetado, mas vêem aumento de carga também em outros setores, como indústria e comércio -não é possível fazer um único cálculo porque o ICMS e o ISS variam conforme o local e o produto ou serviço.
São consideradas pequenas empresas aquelas com renda bruta anual até R$ 2,4 milhões. Dependendo da situação, pode ser vantajoso até evitar a opção pelo Supersimples: Rachid citou o exemplo de empresas que estão registrando prejuízos nos balanços. Pelas resoluções da Receita, as empresas que estão hoje no Simples migrarão automaticamente para o Supersimples -as que preferirem deixar o regime especial de tributação devem comunicar essa opção à Receita até o final de julho.
Só não poderão aderir ao novo tributo as empresas com dívida com o fisco. Para esses casos, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, aprovada em 2006, criou mais um programa de parcelamento de dívidas, o quarto desde 2000.
O programa, o primeiro exclusivo para micro e pequenas empresas, permitirá o parcelamento em 120 meses, com prestações mínimas de R$ 100 e correção pela taxa do Banco Central, hoje em 12,5% anuais. Só serão parceladas dívidas referentes aos oito tributos substituídos pelo Supersimples.
O novo regime, diz o governo, reduzirá a informalidade. Em 2005, pelos dados do Sebrae, havia 10,3 milhões de empresas informais e 5,4 milhões de formais. No Simples, hoje, são 2,56 milhões de empresas.
Só os cinco Estados mais ricos -São Paulo, Rio, Minas, Rio Grande do Sul e Paraná- estão obrigados a adotar plenamente a tabela do Supersimples. Nos demais, o tributo só substituirá o ICMS e o ISS para as empresas com renda até R$ 1,2 milhão ou R$ 1,8 milhão, dependendo da participação do Estado na economia nacional.
Apoiada pela quase unanimidade do lobby empresarial, a Lei Geral foi proposta em 2004 e praticamente só enfrentou resistências dos fiscos federal, estaduais e municipais. Para minimizar a perda de arrecadação neste ano, um acordo no Senado adiou para o segundo semestre o início da vigência do Supersimples. Com isso, a estimativa de perda para a Receita foi reduzida pela metade, para R$ 2,7 bilhões. Não há estimativa consensual para a renúncia fiscal nos Estados e municípios -vão de zero a R$ 9 bilhões.


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