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Montadoras sobreviventes serão menores
Para especialistas, indústria automobilística americana que surgirá da crise será menor, com menos modelos e mais econômicos
Setor terá de conviver com
menos pontos de venda;
utilitários esportivos, de alto
consumo de combustível,
serão mercado de nicho
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Seja qual for o resultado da
estatização de fato do que um
dia foi um dos maiores símbolos do capitalismo americano,
um consenso começa a se formar entre analistas e especialistas: o pedido de concordata
da GM ontem encerrou uma
era da indústria automobilística que já durava décadas.
Nos próximos meses e anos,
dizem os estudiosos, o que surgirá da crise será uma indústria
menor, que fabricará carros em
média menores, com uma variação menor de modelos, a ser
comercializados em menos
pontos de venda e que gastarão
menos combustível, seja qual
for o tipo de combustível.
Ainda haverá mercado para
os utilitários esportivos, por
exemplo, os jipes beberrões conhecidos pela sigla em inglês
SUV que na virada do século 21
eram líderes em venda, passando até os carros leves de passeio. Mas esse será um mercado
de nicho, como são hoje os esportivos ou os conversíveis.
"O problema é que tanto a
GM como a Chrysler estão nesse ramo há cem anos e ainda
conduziam seu negócio como
se tivessem o domínio total do
mercado, o que não é mais verdade", disse à Folha Bruce Belzowski, diretor associado do
Instituto de Pesquisa de Transporte da Universidade de Michigan, Estado que é sede das
principais montadoras.
O caso dos pontos de vendas
é exemplar, segundo o estudioso. Nos próximos meses, a "nova GM" deve fechar perto de
1.100 de suas cerca de 6.000
concessionárias no país. Na nova realidade, diz Belzowski, "alguns vão sair completamente
do negócio, outros vão continuar como mecânicas ou vendedores de usados, que é onde
está o verdadeiro dinheiro, e
uma terceira parte virará multimarcas, com pontos em que
poderão vender carros de empresas competidoras".
O mesmo deve acontecer
com o número de veículos vendidos, que no ano passado atingiu 17 milhões de unidades e
por três momentos na história
recente (1987, 2002 e 2005) ultrapassou os 20 milhões. A previsão é que o novo patamar seja
algo mais próximo da taxa
atual anualizada de 9,3 milhões
-para comparar, o Brasil vendeu 2,82 milhões de carros em
2008, o que o deixou em quinto
lugar no ranking mundial.
Segundo cálculos do economista Donald Grimes, especializado em mercado automobilístico, de 1970 a 2001 havia
0,76 veículo por habitante nos
EUA. A relação baixou para o
atual 0,4, na qual ele acha que
deve continuar, por uma série
de fatores. O mais imediato é a
crise financeira-econômica.
Outros são mais preocupantes: o começo da entrada na
aposentadoria dos "baby-boomers", como são chamados os
que nasceram entre 1946 e
1964; a chegada ao poder de
uma geração supostamente
mais frugal e com mais consciência ambiental; o aumento
da idade média da frota, que
passou de 8,3 anos em 2000
para 9,4 anos em 2009; e o choque de realidade causado pelo
fim da bolha imobiliária.
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